Paulo Macedo comentava uma notícia divulgada hoje pela rádio Antena 1, segundo a qual há cada vez mais grávidas a chegar com fome às urgências do Hospital Amadora-Sintra e bebés a não receberam alta porque as famílias não tem condições para os acolher.
Confrontado pelos jornalistas sobre esta situação, à margem de uma cerimónia de inauguração de serviços de medicina nuclear do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, o ministro afirmou: "chegam-nos, de facto, pessoas em condições difíceis, próprio do tempo difícil em que estamos".
Paulo Macedo lembrou que os casos sociais nos hospitais existem há muitos anos, mas a situação tem vindo a ser melhorada.
"Há três anos os hospitais tinham múltiplas camas de cuidados de agudos, ocupadas por pessoas que, por razões familiares, não lhes permitiam dar alta", adiantou o ministro.
A situação tem vindo a ser combatida, mas Paulo Macedo defendeu que "a articulação com a rede de cuidados continuados" precisa de ser melhorada.
"À medida que temos aberto novas camas, também temos [feito] uma revisão da legislação para todos os casos de carácter social poderem ser tratados (…) na esfera social e não na esfera da saúde", sustentou.
Contactada pela Lusa, a presidente da Associação dos Profissionais de Serviço Social, Fernanda Rodrigues, disse que tem havido "um aumento muito significativo dos problemas sociais".
"Estamos num período de grande alastramento das dificuldades", sustentou Fernanda Rodrigues, sublinhando o caso das grávidas e das crianças é "uma dessas manifestações, mas não é única".
A associação tem reportadas situações várias ligadas à saúde, mas também a outras áreas, onde "as condições sociais que as pessoas vivem estão a aparecer traduzidas de múltiplas formas".
"Hoje estamos a falar da questão das crianças e de grávidas com carências alimentares, mas também poderíamos falar dos idosos e das grandes dificuldades de que muitas das pessoas que vivem em habitação social estão a viver para satisfazer os seus compromissos", acrescentou.
Estas situações estão associadas, em primeiro lugar, ao desemprego, mas também ao emprego precário e à redução das prestações sociais, explicou.
Estas pessoas socorrem-se inicialmente do apoio da família, mas quando este se esgota recorrem às instituições, algumas das quais "já estão no limite das suas possibilidades".
"Se chegamos ao fim da linha das possibilidades que muitas pessoas têm, das possibilidades que as redes familiares e as instituições particulares de solidariedade social têm, julgo que se justifica um reforço das políticas públicas", defendeu.
Para a presidente da associação, "o grande problema" é se está a haver "respostas proporcionais à dimensão dos problemas", reflectido num aumento na procura dos serviços entre os 15 e os 25%.
"A ideia que se recolhe de muitos serviços de atendimento da linha da frente é que continuamos a viver uma desproporção entre os problemas, que são maiores, e os recursos encaminhados para eles, que não são suficientes".
Lusa/SOL