Encostada ao sopé da Serra de Montejunto e a escassos dez quilómetros da influência atlântica, tudo se conjuga aqui para o favorecimento do aparecimento de grandes vinhos brancos, todos eles cheios de mineralidade e frescura.
Os 120 ha de vinha foram já plantados pelos actuais proprietários, e isto porque as castas que ali estavam anteriormente eram todas vocacionadas para a produção em quantidade e o que se pretendia era qualidade. Assim avisados, partimos então para a prova dos brancos de 2013.
O Sauvignon Blanc & Arinto é a combinação de uma casta estrangeira com uma portuguesa com o perfil aromático do Sauvignon a ser casado com a acidez do Arinto, que acaba por dosear as notas tropicais. Com um nariz muito fino é extremamente mineral e com boca equilibrada.
Partimos depois para o Viosinho, casta essencialmente implantada no Douro mas que aqui no Oeste tem estado a dar muito bons resultados. O vinho aparece-nos marcado por ameixa branca, muito mineral e elegante na boca. Com um teor alcoólico de 14%, é no entanto compensado pela sua acidez.
Finalmente chegou-nos o Viognier, um monovarietal que foi lançado pela primeira vez em 2010, e que segundo os enólogos António Ventura e Vera Moreira é uma casta que os tem desiludido um bocadinho, por ser ainda muito nova (vinha com oito anos). Muito utilizada no vale do Ródano (onde normalmente é misturada com Syrah para lhe dar elegância), a Viognier colhida este ano parece estar a mostrar o seu verdadeiro vigor e deu um vinho já muito interessante.
Três colheitas de brancos que prometem animar o nosso Verão, traduzindo o terroir muito específico da zona Oeste e a sua ligação ao Atlântico e à Serra. E se o anterior proprietário, o Marquês de Pombal, claro, vinha para aqui namoriscar, pois que lhe tenha feito bom proveito, que a terra que ele deixou, à falta de compensações amorosas, ao menos dá-nos bons vinhos.
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