Especialistas denunciam atentado contra património no Príncipe Real

A construção de um parque de estacionamento subterrâneo com centenas de lugares por baixo do jardim do Príncipe Real, em Lisboa, vai pôr em risco os edifícios centenários da zona e a candidatura do Aqueduto das Águas Livres a património mundial da Unesco. É este alerta que especialistas em urbanismo, ambiente e património vão deixar,…

“Este projecto vai afectar as sete árvores classificadas do jardim e ameaçar o Reservatório Patriarcal, uma cisterna classificada como monumento nacional, que faz parte do Aqueduto das Águas Livres, cuja candidatura a património da Unesco está a ser preparada”, adiantou ao SOL José Calisto, do grupo Amigos do Príncipe Real. “Se este parque de estacionamento for para a frente, como receamos, vai também aumentar os problemas de trânsito, permitindo que mais automóveis circulem nesta zona”.

O projecto do parque subterrâneo surgiu há 13 anos e acabou chumbado pelo então Instituto do Património Arquitectónico. Mas não foi abandonado. Um novo projecto de parque com quatro caves, rampas de acesso nas ruas vizinhas e um elevador à superfície, já deu entrada na Câmara de Lisboa, que aguarda também um parecer da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC).

Entretanto a empresa espanhola responsável pelo projecto do estacionamento, a Empark, começou em Junho a fazer o estudo hidrogeológico do jardim, de forma a medir impactos, numa avaliação que será entregue à autarquia da capital.

Os moradores e grupos de cidadãos “querem travar este atentado” ao património através de uma petição que já tem quase três mil assinaturas, faltando pouco mais de mil para que possa ser discutida na Assembleia da República.

joana.f.costa@sol.pt