Mas se em Itália a célebre fonte, imortalizada por Federico Fellini no filme La Dolce Vita, está a ser restaurada para que não perca os seus encantos, em França já caíram duas das barreiras laterais da ponte sobre o rio Sena que não aguentaram o peso (93 toneladas) dos cerca de 700 mil cadeados nelas presos. Apesar disso, não houve registo de feridos e esteve apenas um dia fechada, de domingo, 8 de Junho, a segunda-feira, por questões de segurança.
Neste momento, pode dizer-se que os dois monumentos estão 'abertos' para obras ou para vistoria, no caso francês, para que o turismo – principalmente nesta altura do ano – não saia prejudicado.
No caso da 'mais bela fonte do mundo', como é comummente apelidada, os trabalhos de restauro começaram no início do mês de Junho e prolongam-se por mais um ano e meio. Projectada por Nicole Salvi e construída em 1735, este símbolo do barroco fica no cruzamento de três ruas (tre vie, em italiano, daí o seu nome), no centro histórico de Roma. Já foram feitos alguns 'retoques', em 1998, assim como limpezas e polimentos às suas esculturas, mas desta vez exige-se uma intervenção mais profunda. Intervenção essa que custa dinheiro, mas não ao erário público. O financiamento total da obra, avaliado em 2,18 milhões de euros, cabe à Casa Fendi, uma referência na moda italiana. Este valor faz parte do programa 'Fendi for Fountains', anunciado pela marca de luxo em 2013, a título de mecenato, com o objectivo de conservar e valorizar quatro fontes históricas da capital italiana.
Actualmente, a fonte está seca e sem as simbólicas moedas – que no início desta década, ascendiam ao valor de 700 mil euros/ano, dinheiro esse que revertia para a caridade. Aos turistas, resta agora uma passerelle provisória metálica, que corta o monumento pela lateral e que os aproxima do símbolo da cidade. Também têm plataformas suspensas, com capacidade para 100 pessoas, onde podem observar de perto as esculturas de Gian Lorenzo Bernini. Já os tradicionais e pesados tapumes foram substituídos por painéis transparentes, para que possam acompanhar a evolução da obra. As moedas, essas, podem continuar a ser lançadas não para a fonte, mas para um recipiente provisório: ou para regressar à cidade ou, no caso dos solteiros, se lançarem duas, reza a lenda que encontrarão a sua cara-metade.
Já em Paris, o 'amor dos cadeados' tem sido alvo de polémica. Construída em 1804 durante o regime de Napoleão, na Pont des Arts, que fica junto ao Louvre e oferece uma das vistas mais bonitas da Cidade-Luz, iniciou-se a tradição, em 2008, de colocar cadeados na sua estrutura e depois lançar a chave ao Sena, como forma de selar o amor eterno. Contudo, e apesar do romantismo que acarreta numa cidade como Paris, a tradição não tem sido bem recebida por alguns cidadãos e ecologistas, que defendem que é um “símbolo podre do amor”. E nem as autoridades políticas se deixaram sensibilizar, como a nova presidente camarária socialista, Anne Hidalgo, que já anunciou “alternativas artísticas, solidárias e ecológicas”, ao peso dos cadeados. É caso para se dizer, que o amor em Paris e em Roma precisa de revitalização…