"Os europeus têm de assumir a liderança nisto", afirmou a antiga responsável da diplomacia norte-americana, que recordou que o avião da Malaysian Airlines "sobre território europeu".
"Deveria haver indignação nas capitais europeias", reforçou Hillary Clinton durante uma entrevista com o jornalista Charlie Rose.
A responsável destacou que é "óbvio" que um míssil antiaéreo derrubou o avião e sublinhou que Kiev atribuiu rapidamente o sucedido a "terroristas", termo que o Governo ucraniano usa para descrever os rebeldes pró-russos no leste do país.
"Se há provas que apontam nessa direcção a equipa teve de proceder da Rússia", acrescentou.
Hillary Clinton insistiu que a confirmar-se a ligação do incidente à Rússia, os europeus devem tomar medidas muito mais energéticas em três frentes: endurecer as sanções contra Moscovo, acelerar o processo de independência energética da Rússia e estreitar a colaboração com os Estados Unidos para ajudar a Ucrânia.
Também sublinhou que os Estados Unidos têm sido muito mais firmes do que a Europa nas denúncias dos efeitos desestabilizadores da Rússia na Ucrânia.
"Os Estados Unidos têm sido muito claros, tanto nas suas críticas à Rússia, como nas críticas em relação ao Presidente (russo) Vladimir Putin", afirmou Clinton, que chamou a atenção sobre as novas sanções contra Moscovo anunciadas esta semana pela Casa Branca.
A Europa, pelo contrário, está imersa no debate sobre se a Rússia é realmente o agressor e se Putin é "verdadeiramente perigoso", considerou Clinton.
Na opinião da ex-chefe da diplomacia norte-americana, Putin só entende linguagem "dura e directa". As sanções, segundo Clinton, não serão suficientes para dissuadir o líder do Kremlin.
O que realmente funcionaria, indicou, era que os europeus desenhassem uma estratégia alternativa que lhes permitisse superar a sua dependência do gás russo e que não os deixe à "mercê de Putin e da Gazprom [gigante russo do gás]".
Clinton disse ainda que a Europa deu passos nesse sentido mas que "não são suficientes".
Na sequência da queda do avião da Malaysian Airlines, os Estados Unidos pediram um cessar-fogo "imediato" na Ucrânia para assegurar o acesso "seguro" ao leste da Ucrânia e facilitar a recuperar dos restos mortais dos passageiros e tripulação.
"Instamos a todas as partes implicadas, Rússia, os separatistas pró-russos e Ucrânia, que iniciem um cessar-fogo imediato", afirmou em comunicado o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
Em linha com o proferido pelo Presidente Barack Obama, o porta-voz considerou "fundamental" a abertura, "o mais rapidamente possível" de uma investigação internacional "completa, credível e livre de obstáculos" sobre a queda do aparelho.
Com 298 pessoas a bordo, 154 das quais holandeses, o avião, que voava sob o número MH17, despenhou-se na região leste da Ucrânia, junto á fronteira com a Rússia.
O aparelho, um Boeing-777 fazia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur e desapareceu dos radares da Ucrânia a uma altitude de 10.000 metros.
O aparelho perdeu a comunicação com terra na região oriental de Donetsk, perto da cidade de Shaktarsk, e palco de combates entre forças governamentais ucranianas e rebeldes federalistas pró-russos.
Lusa/SOL