Mensagens apagadas dos rebeldes sugerem que foram autores do ataque ao avião malaio

Mensagens colocadas nas redes sociais por insurgentes pró-russos, algumas das quais já retiradas apressadamente, sugerem que os rebeldes pensavam que tinham abatido um avião militar ucraniano, antes de constatarem que era um aparelho comercial malaio. 

Mensagens apagadas dos rebeldes sugerem que foram autores do ataque ao avião malaio

As mensagens foram imediatamente publicitadas por dirigentes do governo de Kiev, na sua guerra de informação com o Kremlin, segundo a agência noticiosa AFP.

A eventual confirmação que os separatistas pró-russos tinham matado os 298 passageiros e tripulantes do avião, que ia de Amesterdão para Kuala Lumpur, iria complicar os esforços do Presidente russo, Vladimir Putin, para descrever a insurreição como uma luta pela autodeterminação. 

A imprensa estatal russa evitou qualquer menção às controversas mensagens e noticiou antes as acusações do líder das milícias, que atribuiu à força aérea ucraniana o derrube do Boeing 777.

Os rebeldes reivindicaram primeiro ter derrubado pelo menos um avião da força aérea ucraniana, sobre a zona de conflitos.

A página na rede social VK de Igor Strelkov, o designado ministro da Defesa da auto designada República Popular de Donetsk, anunciou: "Acabámos de abater um An-26 próximo de [cidade de] Torez", acrescentando "e há um vídeo a confirmar que 'um pássaro caiu'". 

O sítio fornece uma ligação idêntica à divulgada pela imprensa ucraniana em notícias sobre o avião da Malaysia Airlines.

O vídeo mostra habitantes locais a referirem-se à mesma mina de carvão na região mencionada por Strelkov.

O sítio Ukrainska Pravda, que é fortemente pró-Kiev, colocou depois em linha uma gravação áudio do que garante ser uma comunicação interceptada entre rebeldes e um agente russo a discutir o abate do aparelho. 

"Acabámos de abater um avião", ouve-se um rebelde a dizer a um alegado agentes dos serviços de informações militares russos. 

Outra gravação mostra um alegado combatente a relatar do local da queda que está "100% certo de que é um avião civil". 

A mensagem na VK foi rapidamente retirada, mas não antes de ter sido fotografada e distribuída num comunicado de imprensa em Inglês, que foi distribuído pela chefia militar da campanha de Kiev na parte oriental do país. 

Os comentários atribuídos a Strelkov não mencionavam o tipo de míssil utilizado para abater o aparelho, que os dirigentes de Kiev adiantaram que voava a uma altitude de 10 mil metros. 

Mas uma mensagem na conta oficial na rede social Twitter da designada República Popular de Donetsk tinha anunciado que os insurgentes se tinham apoderado de uma série de sistemas Buk, de fabrico russo, capazes de atingir tal altitude. 

"@dnrpress: os sistemas de mísseis autopropulsionados Buk terra-ar foram capturados ao regimento (ucraniano) A1402", dizia a mensagem, que também veio a ser apagada. 

O Presidente ucraniano, o pró-ocidental Petro Poroshenko, depressa classificou o incidente como "um ato terrorista" e disse que "não podia excluir" que o avião tivesse sido abatido pelos insurgentes. 

Mas Putin disse que o incidente nunca teria acontecido se Poroshenko não tivesse terminado com uma breve trégua e "recomeçado as actividades militares no sudeste da Ucrânia". 

Tanto os líderes separatistas, como dirigentes do sector da defesa da Federação Russa, procuraram implicar as forças de Poroshenko e apagar as proclamações iniciais dos rebeldes de terem abatido um avião de carga ucraniano. 

Lusa/SOL