Ver Lionel Messi em segundo é quase um drama. E torna-se quase injusto questionar a performance de um jogador que marcou 41 golos no Barcelona e sete na Argentina em apenas uma época, sagrou-se vice-campeão do mundo e recebeu a Bola de Ouro da prova, merecida ou não.
Longe da sua melhor forma, ‘La Pulga’ acumulou várias exibições cinzentas na Liga espanhola. Por vezes até pareceu apático, mesmo em jogos da Liga dos Campeões. Por entre lesões, vómitos e uma acusação por fraude fiscal, a estrela maior do conjunto blaugrana surpreendeu pela falta de intensidade nas suas habituais ‘arrancadas’ e por se revelar menos decisivo do que se tornou habitual.
O alarme soou em Camp Nou. E os catalães procuram razões para a queda de produção do craque argentino, que vê agora em si próprio o seu maior rival. Será esse o problema? Eis algumas possíveis explicações levantadas pelo diário espanhol Mundo Deportivo:
1 – Messi não é nenhum extraterrestre
Por vezes pode parecer que é de outro planeta, mas convém recordar que Messi é um ser humano. A sua longa lista de recordes, como os 29 jogos em que marcou três ou mais golos na sua carreira, sugerem uma leitura quase sobrenatural dos factos, tal é a facilidade com que melhora os seus registos. Em 2011/12 chegou o marcar 73 golos, o expoente máximo da sua veia goleadora. Esta época ficou-se pelos 41 tiros certeiros, mas o Barcelona não ganhou nenhum título digno de registo. ‘La Pulga’ ressentiu-se.
2 – Cansaço físico
Desde a campanha de 2008/09 que as lesões eram apenas meras lembranças para Messi. Graças ao plano de treino elaborado pela equipa técnica de Pep Guardiola, a dedicação do jogador, ou até sorte, alinhou em todo o tipo de partidas, nas mais variadas competições. Ficar no banco era encarado como um ‘castigo’. Hoje, muito provavelmente, está a pagar a factura de querer jogar sempre.
3 – Problemas de confiança
O Barcelona não ganhou nada. E a Argentina continua sem vencer o Mundial. Ao contrário de outros anos, Messi apareceu menos nos principais jogos da época. Para quem costuma ser a solução para desbloquear problemas no relvado, este facto pode resultar numa grave crise de confiança. Uma evidência que desmente a teoria de que o argentino se guardou durante toda a época para a fase final do campeonato do mundo.
4 – Dez anos em alta rotação
Desde que se estreou em 2004 às mãos de Rijkaard que Messi sempre se quis superar a si próprio. A partir de 2008, pegou ‘literalmente’ nas rédeas da equipa e assumiu mais responsabilidades do que um jogador normal. A maior parte dos seus 354 golos oficiais levou o Barça à glória. Depois de uma temporada em ‘branco’, sem títulos, não evitou os apupos da bancada.
5 – Paris marcou o ponto alto do desgaste
Abril de 2013 em Paris. Jogava-se os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Messi marca um golo e lesiona-se no bíceps femoral da perna direita. Foi o ponto de viragem. As recaídas sucederam-se e minaram a sua confiança. Tornou-se menos consistente e menos decisivo.
6 – O nascimento do filho
Em Novembro de 2013 Messi tornou-se pai. A hierarquia de prioridades mudou e o filho Thiago mudou-lhe a mentalidade. Agora já não ‘pensa só em futebol’.
7 – Problemas nas finanças
Em Junho de 2013 surge um problema com o seu IRS. Levanta-se a tese de fraude fiscal. Os meses seguintes são ricos em rumores que afectam a sua imagem e factos que abalam a sua credibilidade junto da imprensa. Acaba por carimbar a sua pior época de sempre. Coincidência?
8 – Vómitos sem explicação
Uma das imagens mais recorrentes de Messi esta época é a de cabeça baixa, sobre o relvado, e a vomitar. Fez inúmeros exames médicos e nem uma explicação para o mal-estar. O Barcelona minimizou os incidentes. Certo é que os vómitos até podem não ser a razão para o insucesso do argentino, mas provavelmente também não ajudam.
9 – A ruptura com o fisioterapeuta
Juanjo Brau, fisioterapeuta do Barcelona, foi o responsável pela condição física da ‘estrela’ argentina durante anos. Esta época separaram-se amigavelmente…
10 – O adeus de Tito
O respeito por Tito Vilanova era enorme. Foi o único jogador autorizado a visitar o técnico no hospital antes da sua morte. Diz-se que foi Tito quem convenceu Messi a renovar o seu vínculo aos catalães, numa altura que a separação entre as duas partes parecia quase certa. A sua perda foi dura.