"Em algumas escolas do norte, não houve mesmo qualquer professor vigilante disponível para vigiar a prova. Ainda estamos a contabilizar em quantas escolas isso aconteceu, mas é uma grande derrota do Governo, porque, mesmo que tivesse apenas acontecido numa a prova, irá ter de ser repetida", disse à Lusa o presidente da ANVPC, César Israel Paulo, num balanço das provas e protestos de hoje.
O responsável associativo deixou elogios aos professores que se solidarizaram com aqueles inscritos para a prova e que participaram nos plenários, criticando ainda a "atitude totalmente antidemocrática do Governo" de não permitir que as reuniões plenárias, convocadas pelos sindicatos, se realizassem nas escolas.
"Toda a classe docente já percebeu que esta prova não avalia nada", declarou César Paulo, acrescentando que o modelo da prova de hoje, a que teve acesso, não reflecte "nada do que é ser um professor".
"Basta vermos o modelo. Esta prova não avalia nada do que é ser um professor. Nem na sua componente científica, nem na sua componente pedagógica, nem na sua componente de gestão da sala de aula, em nada. É uma prova de trocadilhos, de lógica matemática e nada mais", disse.
Um dos exercícios pedidos aos professores, na prova de hoje, passava por unir partes de provérbios, de um ponto de vista lógico referiu.
"Eu diria que é quase 'incomentável' esta prova. Gostaria que os portugueses a vissem, e vissem se aquilo é uma prova aplicável a uma classe muito bem formada em termos científicos e pedagógicos. Estamos a falar de professores com mestrados, doutoramentos. O senhor ministro quer denegrir esta classe aplicando a prova", criticou César Paulo.
Para o presidente da ANVPC, mais grave do que os professores que não fizeram a prova devido aos protestos de hoje, é a situação daqueles que a queriam fazer, apresentando o comprovativo de que, em Dezembro, não realizaram o exame "por motivos alheios à sua vontade", como exigia o Ministério, para manterem a inscrição para hoje, e mesmo assim não constavam das listas, não tendo, por isso, realizado a prova.
"Têm chegado à associação muitas queixas dos professores que não a fizeram, porque não foram convocados pelo Ministério, com implicações para os concursos que estão a decorrer", adiantou.
César Paulo acusou o Ministério da Educação e Ciência (MEC) de ter tido um "comportamento deseducativo e nada científico" na forma como calendarizou a prova de hoje, e pediu à tutela que "pondere se vai continuar nesta guerra absurda que está a retirar recursos às escolas".
Cerca de quatro mil professores contratados estavam inscritos para a Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC), que decorreu hoje de manhã, teste que tem sido alvo de forte contestação por parte dos sindicatos.
A invasão de uma escola no Porto e as divergências entre MEC e sindicatos sobre as providências cautelares, relativas à prova de avaliação de professores, marcaram a manhã do exame, agendado para hoje em 80 escolas.
Lusa/SOL