Segundo confirmou ao SOL o director clínico do Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM), Miguel Ferreira, não há, para já, casos de dengue, mas os serviços, sobretudo no Hospital dos Marmeleiros, estão preparados para eventuais internamentos.
Com o aumento da temperatura e a persistência de águas estagnadas, o mosquito encontrou campo fértil para a sua actividade, sobretudo ao início e final do dia.
O regresso, para férias, de emigrantes madeirenses à ilha, oriundos de países como o Brasil e a Venezuela, ou de operários da construção civil, em países africanos, aumenta o risco da doença, assim como a saída de madeirenses, para férias, para destinos tropicais.
Embora a Madeira não registe casos de dengue há 17 meses, o Instituto de Administração da Saúde da Madeira (IASAÚDE) recomenda cuidados redobrados. Por exemplo, quem quer ir de férias deverá realizar a consulta do viajante.
Ainda assim, Miguel Ferreira está mais preocupado com a resistente estirpe local do ‘Aedes aegypti’ do que com os mosquitos que possam ser importados.
As ‘armadilhas’ de monitorização da actividade de mosquitos indicam que a densidade de ‘Aedes aegypti’ é 50% inferior à registada em 2012, ano do surto de dengue na Madeira.
Segundo os técnicos de saúde e entomólogos, foi há cerca de duas semanas que o ‘Aedes aegypti’ retomou a actividade na Madeira.
De acordo com o IASAÚDE, conhecidos os ciclos de vida do mosquito, este aumento de actividade dos mesmos é mais intenso entre o princípio de Julho e o final de Novembro.
Na segunda semana de Julho foi monitorizado o maior número de ovos de mosquito registado este ano.
O mosquito não está erradicado. O que existe são momentos de maior ou menor actividade. É por isso que, ao longo do ano, o IASAÚDE desenvolve actividades de vigilância vectorial com recurso às armadilhas que estão colocadas um pouco por toda a Madeira e Porto Santo. Esta vigilância é reforçada de Maio a Novembro através do programa nacional de vigilância de vectores REVIVE.
Os alertas vão no sentido de prevenir a proliferação do ‘Aedes aegypti’ através da eliminação de possíveis criadouros (água estagnada) ou mesmo na prevenção das picadas, recorrendo a medidas de protecção individual como o uso de repelente, recurso a roupas claras e largas, entre outras.
Refira-se que o Instituto de Higiene e Medicina Tropical demonstrou num estudo que o ‘Aedes aegypti’ madeirense é muito resistente aos produtos insecticidas autorizados para utilização na Europa e em Portugal.
Recorde-se que a Madeira não regista casos de infecção por vírus dengue contraída localmente desde a primeira semana de Fevereiro de 2013, embora o surto registado entre Outubro de 2012 e essa data só tenha sido oficialmente dado como controlado em Março do ano passado. Desde então registaram-se na Região cinco casos importados de dengue.