O mistério das bandeiras brancas na Ponte de Brooklyn

Já passaram 24 horas mas o mistério continua por desvendar: as duas gigantes bandeiras dos Estados Unidos que adornam o topo das duas torres da Ponte de Brooklyn, um dos ícones da cidade de Nova Iorque, foram ontem substituídas por duas bandeiras brancas, sem que as autoridades tenham detectado os responsáveis e sem ninguém a…

O mistério das bandeiras brancas na Ponte de Brooklyn

Sem explicação oficial, propagam-se as teorias sobre as novas bandeiras: “Foram extraterrestres”, lê-se no Twitter; “um sinal de aviso”, referiu um vendedor de águas no local ao New York Times; “um protesto político”, disse ao mesmo jornal o responsável por recolocar as bandeiras norte-americanas no local. Um apelo às tréguas entre Israel e o Hamas, numa referência ao actual conflito na Faixa de Gaza, foi outra das hipóteses mais referidas, por se tratar de bandeira brancas, tradicionais símbolos da rendição.

Uma interpretação que levou a jornalista da New Yorker Rebecca Mead a concluir tratar-se de uma “rendição de Manhattan a Brooklyn”. Mas a teoria perdeu força quando na nova troca de bandeiras se percebeu que as novas não eram totalmente brancas mas sim bandeiras dos Estados Unidos descoloridas. Tal como o eram antes de ganharem o vermelho e azul, precisamente porque nos anos da guerra civil a bandeira com as listas e as estrelas sob o branco foi várias vezes confundida pelo símbolo da rendição, como hoje explica o Washington Post.

Antes disso surgira no Twitter a primeira reivindicação levada a sério, pelo menos durante umas horas. O utilizador @BicycleLobby escreveu durante o dia de ontem que a operação tinha como objectivo “assinalar a rendição total das vias para bicicletas aos pedestres”. Vários meios de comunicação, provavelmente levados pela credibilidade que a agência Associated Press deu à reivindicação, divulgaram a mensagem na certeza de ter resolvido o mistério. Mas os lobistas das duas rodas logo avançaram que a explicação não passava de nova brincadeira.

Já Eric Adams, o autarca de Brooklyn, mostra-se menos receptivo a piadas do género. “Não me estou a rir”, constatou quando confrontado com a possibilidade da falha de segurança não passar de uma brincadeira. Para prová-lo, Adams avançou com um prémio de 5 mil dólares do seu próprio dinheiro a quem der informações fidedignas sobre o sucedido.

É matéria sob investigação, garante o comissário adjunto, John Miller. “Não encaramos estas coisas de ânimo leve, como piadas, como arte ou liberdade de expressão. São transgressões que os colocam em perigo, colocam outros em perigo e é por isso que estamos investigar”, explicou o responsável. 

Para já, sabe-se que a troca foi feita pouco depois das 3h da madrugada de segunda para terça-feira. Por essa hora as câmaras de segurança mostram um grupo a entrar na ponte minutos antes das luzes que iluminam as torres se apagarem. Não por corte de energia, já concluiu a polícia, mas com auxílio de grandes painéis que ajudaram a escurecer o ‘local do crime’. Os especialistas dizem ter ideia de ter sido “operação muito bem planeada” e levada a cabo por pessoas “com experiência em escaladas, nomeadamente em pontes”. 

nuno.e.lima@sol.pt