Além dos primeiros capítulos do romance chegarão também às mãos dos leitores as notas do autor, escritas por Saramago quando deu início ao livro. É nelas, explica um comunicado da Fundação Saramago, que se descobre o “andamento e o desenlace da História” que Saramago pretendia contar.
‘Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas’, título que Saramago foi buscar a versos de Gil Vicente, é protagonizado por um funcionário de uma fábrica de armas que vive num permanente conflito moral decorrente do seu trabalho, depois de descobrir “pela força das circunstâncias, que a sua laboriosidade permite que uma engrenagem odiosa continue em movimento e a marcar os mapas e as dominações”, escreveu Pilar del Rio, que assegura também que Saramago precisava “de partilhar uma última reflexão com os leitores, e assim, partindo de um singular ponto de vista, iniciou um relato sobre as armas que nutrem o grande fracasso ético do ser humano que são as guerras”.
A presidenta da Fundação explica que Saramago não conseguiu acabar o romance por lhe terem faltado as forças. As páginas que escreveu serão, porém, publicadas não só em português como em espanhol, catalão, e italiano, tanto no continente europeu como no americano já em Outubro. Mais tarde serão feitas edições noutras línguas.
E, escreve Pilar del Rio, será esta a derradeira obra. “Com Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas acaba-se a obra de José Saramago, o homem que não queria morrer sem ter dito tudo”.