Hotéis portugueses ‘goleiam’ no Mundial

Após o apito final do Mundial de Futebol, os hoteleiros portugueses com unidades no Brasil fazem um balanço positivo do evento. A maior procura trouxe aumento de preços e mais receitas.

“A copa correspondeu totalmente às expectativas. As receitas globais cresceram cerca de 150% face a anos anteriores”, garante o presidente executivo da Porto Bay no Brasil, Cláudio Santos.

Com três hotéis, a rede madeirense alcançou 80% de ocupação na unidade de São Paulo e 95% na do Rio de Janeiro, durante o campeonato. “As diárias médias cresceram acima de 100% face ao mesmo período de 2013”, detalha.

No grupo Vila Galé, dono de seis unidades, sobretudo no Nordeste, a tendência foi a mesma. “As receitas foram em média 10% acima do ano passado, com os hotéis de Fortaleza e Salvador a terem ganhos superiores aos resorts”, conta o administrador Gonçalo Rebelo de Almeida.

Apesar de esgotados nos dias dos jogos, a realização do evento em várias cidades levou a que, no período entre partidas, houvesse vagas. Por isso, “a ocupação em Junho e Julho foi inferior à ocupação média registada no ano passado”. “É normal”, analisa o responsável, reiterando que “os resultados corresponderam às expectativas”.

Impacto de dois mil milhões 

Segundo dados oficiais, em Junho, no Brasil, a influência da Copa reflectiu-se numa subida de  22% nas diárias dos hotéis. As primeiras estimativas mostram que mais de um milhão de estrangeiros, de 203 países, viajaram para o país durante o evento, acima dos 600 mil inicialmente previstos. Outros três milhões de brasileiros circularam no território.

AO SOL, Vicente Neto, presidente da Embratur, o órgão brasileiro de turismo, antecipa um impacto económico de 2,2 mil milhões de euros no sector. “O balanço é bastante positivo. Mostrámos que, apesar de algumas dúvidas apontadas, fomos capazes de organizar a Copa da Copas”, frisa.

Também o administrador de marketing e vendas do grupo Tivoli, Filipe Santiago, adianta que “o balanço foi largamente positivo, com bons crescimentos a nível de ocupação e receita”. A presença da selecção dos EUA no hotel de São Paulo e a realização de eventos empresariais e de patrocinadores puxaram pela ocupação. 

No ecoresort da Praia do Forte, a estadia da Croácia também contribuiu para os resultados, ainda que a operação em Junho tenha corrido melhor do que em Julho. “A decisão, de vários estados, de alterar a data normal para as férias de Inverno, levou a que a procura de famílias, habitualmente forte no mês de julho, não acontecesse com a mesma intensidade”, justifica.

Como vai ser o pós-Copa?

O arrefecimento do turismo interno no pós-Copa tem preocupado os operadores locais. Muitos até já lançaram promoções. 

Para já, há diferentes leituras entre os empresários portugueses. “Até Maio foi muito bom e acreditamos que a partir de Agosto o mercado volta à normalidade”, diz Gonçalo Rebelo de Almeida, da Vila Galé.

Na Porto Bay, as reservas para Julho estão idênticas às de anos anteriores. Mas, salienta Cláudio Santos, até Maio já se notava quebras de 10% na ocupação gerada pelos brasileiros. “Em ano de eleições é normal que o período pré-eleitoral também revele arrefecimento, fruto da gestão de expectativas no mercado corporativo”, explica.

Feitas as contas, e apesar dos contratempos, os hoteleiros ouvidos pelo SOL valorizam a organização do campeonato e a imagem que passou do país, que tem 200 milhões de habitantes e apenas seis milhões de turistas estrangeiros. E prevêem ganhos de notoriedade para o destino, que, ainda assim, é preciso continuar a comunicar, aproveitando até o câmbio convidativo do real. Já a preparar-se para receber os Jogos Olímpicos em 2016, a expectativa do presidente da Embratur, Vicente Neto, é que haja “um aumento de turistas entre 5% e 10% nos anos posteriores ao Mundial”.

ana.serafim@sol.pt