Outras pescas

A Adega Mãe, pertencente ao Grupo Riberalves, ligado ao comércio do bacalhau, apresentou as suas novidades e demonstrou saber fazer vinhos para acompanhar o ‘fiel amigo’.

O desenho de um dóri no rótulo de uma garrafa poderia significar, tão só, um momento de inspiração de um designer. No entanto, esse simples esboço de uma embarcação antigamente usada pelos portugueses na pesca do bacalhau acaba afinal por traçar toda a história da Adega Mãe. Com efeito, ela está ligada ao Grupo Riberalves (com história no negócio do ‘fiel amigo’), e foi um projecto nascido em 2011  que marca a incursão da família numa nova área de negócios com sede e vinhas no concelho de Torres Vedras. A aposta era simples: produzir vinhos de inspiração marcadamente atlântica, tirando proveito da proximidade do mar. Agora é tempo de ir fazendo contas e mostrando a qualidade dos vinhos.

E as novidades para 2014 – quatro monocastas brancos, o colheita Dory Branco 2013 e ainda um Reserva Tinto – estão aí. A casta Alvarinho voltou a dar cartas na região de Lisboa e trouxe-nos um monocasta com uma mineralidade muito própria, frescura atlântica, perfil mais citrino e algumas notas tropicais. Outro monocasta, o Adega Mãe Chardonnay 2013, evoluiu para um perfil ainda mais clássico devido ao facto de ter sido exclusivamente fermentado em barrica.

A madeira dá-lhe aqui mais corpo e untuosidade e aconselha-se o seu consumo daqui a mais uns anitos. Provámos também o Adega Mãe Viosinho, o mais mineral de todos, com um ligeiro floral e acidez muito interessante. E para terminar os varietais, apresentaram-nos um Sauvignon Blanc, que evoluiu para um lado muito vegetal e de grande frescura, mais a lembrar a sua origem francesa do que os exemplos do Novo Mundo.

Entretanto, chegou-nos o vinho que se assumiu como o rosto do projecto. Falamos do Dory Colheita Branco 2013, conseguindo fundir as características de castas nacionais como o Arinto e a Fernão Pires com a personalidade do Viognier. Notas de fruta e flores e com acidez e frescura muito equilibrados.

Destaque final para um tinto a não perder: o Dory Reserva 2011, com Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon. De aromas muito complexos, grande corpo e estrutura, revelou final longo e persistente.

Em resumo, uma entrada bem positiva de um Dóri no mundo dos vinhos ou a história de um feliz casamento entre o bacalhau e a pinga que sempre deve acompanhá-lo. 

jmoroso@netcabo.pt