Os EUA e a UE iniciaram em 2013 as negociações para o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla inglesa). As conversações estão ainda em curso, mas o objectivo é reduzir as tarifas aduaneiras e eliminar ou harmonizar barreiras não tarifárias – diferenças de regulamentos técnicos ou de regras de certificação de produtos e serviços, por exemplo.
Segundo o estudo, Portugal seria dos países europeus mais beneficiados com o acordo, seja num cenário “modesto” ou “ambicioso” do entendimento. “Uma vez que Portugal beneficia proporcionalmente mais das reduções tarifárias do que a UE no seu conjunto, é provável que beneficie mais cedo, e em maior medida, das fases iniciais da aplicação do TTIP”, refere o documento.
A longo prazo, o impacto positivo deverá oscilar entre 0,57% e 0,76% do PIB. Ao contrário da UE, as exportações portuguesas estão concentradas sectores que beneficiarão da eliminação de direitos de importação elevados por parte dos EUA. Poderiam ser criados cerca de 40 mil postos de trabalho, no cenário mais vantajoso.
Os têxteis e o vestuário aparecem à cabeça como beneficiários do TTIP. Representam 15,5% dos bens portugueses exportados para os EUA e pagam direitos aduaneiros em torno de 8,8%. Com a supressão desta barreira, os autores do estudo antecipam que as exportações deste sector possam aumentar 30%. As exportações de energia também poderiam subir até 4%.
Os impactos mais negativos seriam nas exportações de máquinas eléctricas, que podem descer quase 15% com o acordo, e na indústria química (-6,1%). A nível de importações, a simulações do relatório indicam que as compras de bens do sector primário dos EUA, como produtos de agropecuária, poderiam aumentar 4,68%.
Numa análise não por sectores mas por categorias específicas de produtos, o estudo identifica outras vantagens para Portugal. No calçado, por exemplo, alguns produtos poderia aumentar as vendas para os EUA até 540%.