Mas o próprio Bento, tido antes como a consciência ética do capitalismo português, parece já ter claudicado. O Banco internacional que escolheu para o assessorar no relançamento do BES, o Deutsch Bank, está a ser investigado por ajudar algum fundo de investimento especulativo a montar uma operação de fuga ao fisco.
Estou em crer que qualquer Banco em que investigadores independentes ponham o olho a sério, cai tão estrepitosamente como o BES, o BPN ou o BPP – embora estes 2 últimos sejam exemplos mais alarves das tropelias especulativas. Ainda me lembro de pensar, e dizer, há uns anos, quando Jardim Gonçalves começou a ser investigado, estar convencido de que ele ao pé de Ricardo Salgado, que ostensivamente recusou ajudas europeias (que implicavam administradores externos a verem as contas do BES), era um menino do coro. É.
Mas enfim, enquanto o Pais se embasbaca com as anomalias do BES, os outros folgam as costas. Foi o BPN, o BPP, o BCP, o BES – e se os olhares externos continuarem a coscuvilhar, outros se seguirão. Bons tempos em que ao menos havia uma regulação que obrigava a separar as actividades de depósito e crédito das de investimentos especulativos. Mas uma parte do mundo ficou feliz com os hiper-liberalismos de Reagan e Tatcher – e assim continua, apesar de cada vez mais comprovadamente os mercados não se auto-corrigirem.