A enfermeira Nancy Writebol e o médico Kent Brantly estão a melhorar. Mas ainda é impossível saber se a sua recuperação está dar-se naturalmente – como aconteceu aos poucos sobreviventes do vírus – ou se o responsável é o tratamento inovador.
Ambos estão na mesma área de isolamento de um hospital da universidade Emory, na cidade norte-americana de Atlanta. A enfermeira chegou ontem àquela unidade.
Os dois foram infectados na Libéria, um dos quatro países africanos mais afectados pela doença. Na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde avançou com um balanço de 887 mortos na Guiné Conacri, Serra Leoa, Libéria e Nigéria, e mais de 1600 pessoas infectadas.
Não há vacina ou um tratamento específico para o vírus do ébola, apesar de vários estarem a ser desenvolvidos. O tratamento experimental que os dois norte-americanos estão a receber chama-se ZMapp e está a ser produzido por uma empresa de San Diego.
O seu objectivo é potenciar os esforços do sistema imunitário para combater o ébola e é feito de anticorpos produzidos por animais expostos a partes do vírus em ambiente laboratorial.
Estão envolvidos meios governamentais e militares nesta pesquisa, nomeadamente um laboratório em San Diego, outro em Toronto, o Governo dos Estados Unidos e o Departamento de Saúde do Canadá.
Sem afirmar quando o medicamento estará disponível, a empresa que o está a produzir avança que estão a “trabalhar com os departamentos governamentais necessários para aumentar a produção o mais rapidamente possível”. Mas não dizem quem o poderá receber, ou quando.
A Agência do Medicamento norte americana (FDA) tem de autorizar tratamentos experimentais em solo dos EUA, e sabe-se que ambos os pacientes foram tratados com o novo medicamento ainda na Libéria. Uma porta-voz da FDA não quis confirmar se foi dada autorização para ser usado em Atlanta.
A enfermeira de 59 anos estava isolada na sua casa na Libéria desde que foi diagnosticada, no mês passado. Agora já consegue andar sem ajuda e recuperou o apetite, disse o presidente da organização para onde trabalha, a SIM USA. Ainda em África recebeu duas doses do tratamento experimental.
O presidente, Bruce Johnson, hesita em atribuir as melhoras ao medicamento. “O ébola é um vírus complicado e um dia pode estar-se bem e no seguinte mal”, disse. De qualquer modo mostrou a sua gratidão: “Estamos muito agradecidos por este tratamento estar disponível”.
O médico de 33 anos e que pertence à assistencial Samaritan's Purse, também está a melhorar. Além da dose da terapêutica experimental que recebeu na Libéria, foi-lhe feita uma transfusão de sangue de um jovem liberiano de 14 anos que sobreviveu ao vírus. O objectivo parece ter sido de dar a Brantly os anticorpos que o rapaz terá produzido ao combater o vírus.