Por iniciativa do Scientific Committee on Antarctic Research [Comité Científico para a Investigação Antárctica], 75 cientistas e decisores políticos reuniram-se, em Abril, para definirem "as prioridades científicas para os próximos 20 anos" na região, que tem revelado "sinais de mudanças ambientais bastante rápidas e profundas".
Esta foi "a primeira vez que a comunidade Antárctica internacional formulou uma visão colectiva, através de discussões, debates e votações", salienta a UC, numa nota divulgada hoje.
"As principais áreas de intervenção para as próximas duas décadas" definidas no encontro, em que participou o cientista José Xavier, do Instituto do Mar da UC, "vão ser publicadas amanhã [quinta-feira] ", na "prestigiada revista" 'Nature', adianta a mesma nota.
Partindo de "inúmeras questões e problemáticas, os cientistas seleccionaram 80 temas repartidos por seis grandes áreas científicas: definir o alcance global da atmosfera da Antárctida e do Oceano Antárctico; compreender como, onde e porquê a camada de gelo que se encontra na Antárctida (ice sheet) perde massa; revelar a história da Antárctida; aprender sobre como a vida na Antárctida evoluiu e sobreviveu; observar o espaço e o universo; e reconhecer e mitigar a influência humana".
O que se está a passar na Antárctida, "como o degelo, mudanças da circulação do oceano e a recuperação da camada de ozono", tem "consequências globais" no clima, no nível da água do mar, na biodiversidade e na sociedade, alerta José Xavier, citado pela UC.
"Foi excelente reunir alguns dos melhores especialistas do mundo para definir as áreas estratégicas de investigação", reconhece o co-autor do artigo a publicar na 'Nature'.
"Concluímos que existem ainda muitas questões científicas importantes por responder", salienta o cientista do Instituto do Mar da UC, que naquela reunião coordenou a sessão que se deteve sobre a vida no Oceano Antárctico e Ecologia (Southern Ocean Life & Ecology).
É essencial "perceber, por exemplo, quais as espécies que nos podem levar a compreender o funcionamento do Oceano Antárctico, que espécies poderão extinguir-se no futuro próximo e como as alterações climáticas afectam, e poderão afectar, as pescas no Oceano Antárctico", sustenta o cientista.
É fundamental, para abordar estas questões levantadas pela comunidade internacional, que se desenvolvam "esforços internacionais coordenados de modo a maximizar o retorno científico enquanto se reduz o impacto humano", defende o investigador da UC.
"Para Portugal, país que possui um pequeno grupo de equipas que fazem ciência nas regiões polares, isso faz todo o sentido", conclui José Xavier.
Lusa/SOL