O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação (SITAVA) dá conta desta preocupação, extensível à generalidade dos milhares de trabalhadores que exercem funções nos aeroportos, em especial nos que acolhem voos e passageiros provenientes de países de maior risco no que respeita ao vírus Ébola.
"Desconhecemos se a bordo desses aviões há realmente precauções que tenham sido tomadas, o certo é que os passageiros circulam depois nos aeroportos sem que o pessoal de terra saiba minimamente como lidar com essas situações, nem precaver-se delas", diz o sindicato numa carta dirigida ao presidente do INAC (Instituto Nacional da Aviação Civil).
Nessa missiva, enviada com conhecimento ao Ministério da Saúde e Direcção Geral da Saúde, os trabalhadores alertam que a ausência de protecção "quase total" a que estão sujeitos — em todas as áreas, desde as operacionais até às de comércio — tem causado perplexidade e receios, "uma vez que não se conhecem medidas de (in)formação e prevenção".
Em declarações à Lusa, Armando Costa, do SITAVA, defendeu que "esta situação não pode ser tratada de forma leviana, tem que ser com formação e informação adequada aos trabalhadores".
"Percebemos que é possível avaliar um sintoma a uma distância curta, mas é importante haver uma informação adequada, para que os trabalhadores possam ter respostas finais, não alarmistas, que tenham informação sobre os perigos que correm e como agir", considerou
Confrontado com declarações antigas da DGS, segundo as quais os funcionários que fazem 'check-in', embarque e desembarque fazem "um controlo" dos passageiros e "accionam o protocolo" se encontrarem sinais de doença, Armando Costa rejeitou-as.
Segundo o sindicalista, estes trabalhadores não receberam quaisquer orientações ou acções de formação para saberem fazer esse controlo.
Admitindo que o pessoal de bordo possa ter a formação adequada para lidar com esse tipo de situação, Armando Costa diz que a verdade em terra é que "um passageiro no aeroporto anda livremente e ninguém sabe o que fazer".
Quanto ao referido "protocolo" Armando Costa ironiza e diz que este consiste num documento, afixado entre horários e outras informações, "que diz quais os sintomas do Ébola e diz, de forma genérica, que se alguém encontrar esses sintomas deve chamar um supervisor e este depois avaliará".
"Devia haver mais cuidado. Isto é uma forma leviana de tratar as coisas", lamentou o sindicalista, sublinhando que a única coisa que os trabalhadores pedem é que lhes sejam prestados esclarecimentos e informações pessoalmente, para ficarem "descansados e saberem como agir, de forma racional".
Para o SITAVA isto é tão simples como fazer um "briefing de 20 minutos com os trabalhadores".
"É só isto que exigimos, nada mais", sublinhou.
Lusa/SOL