"Os clientes e os mutuários podem estar descansados. O Montepio é um grupo muito bem capitalizado, muito líquido e com um balanço e activos muito bem provisionados", afirmou o gestor, numa entrevista à estação televisiva TVI.
Estas declarações surgem dias depois de ter sido noticiado que está em curso uma auditoria forense ao Montepio, a pedido do Banco de Portugal.
"Aquilo que está em causa é uma avaliação de procedimentos na carteira de crédito, sendo a maioria crédito à habitação e não crédito às empresas a que se referiu [do universo Grupo Espírito Santo]", sublinhou Tomás Correia.
Segundo o presidente do Montepio, a auditoria forense que está em curso no Montepio "é um procedimento de rotina, normal e desejável", tendo-lhe sido comunicada através de uma carta do Banco de Portugal datada de 30 de Outubro de 2013.
"Há sempre diversas auditorias em curso desde que a 'troika' [União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional] veio para Portugal", frisou, reforçando que esta inspecção do supervisor "insere-se num quadro de normalidade".
Tomás Correia revelou que o Montepio tem um rácio de cobertura para o crédito em incumprimento de 136% e afastou a ideia de que a entidade tenha um montante de crédito sem garantia exagerado.
"Desafio que olhem para o crédito sem garantia no Montepio e o que é prática corrente no sistema financeiro", disse, sublinhando que o mesmo tem por base financiamento a "grandes empresas", bem como as áreas do crédito ao consumo e dos cartões de crédito.
Numa altura em que decorre uma auditoria forense no Banco Espírito Santo (BES), além de mais duas noutras instituições que ainda não se sabe quais são, segundo revelou recentemente o governador do Banco de Portugal, o facto de ter sido noticiado que está a decorrer uma auditoria forense no Montepio poderá causar preocupações aos clientes e mutuários do banco mutualista, um cenário que Tomás Correia fez questão de afastar.
"Sendo isso potencialmente penalizador, tenho a dizer que ao longo do dia de hoje não houve qualquer anormalidade no acesso dos clientes do Montepio aos balcões, nem aos outros canais do banco", assegurou.
E salientou: "Hoje foi um dia completamente normal".
A auditoria forense visa as contas do período entre 2009 e 2012, revelou Tomás Correia.
O responsável garantiu ainda que a Associação Mutualista – que é actualmente supervisionada pelo Ministério da Segurança Social, aplicando as regras prudenciais do código mutualista, e cuja casa-mãe (onde se encontra a área seguradora) vai passar a ser supervisionada pelo Instituto de Seguros de Portugal (ISP) – "está preparada para cumprir as regras da actividade seguradora".
Já a Caixa Económica Montepio Geral, ou seja, a parte bancária do grupo, continuará sob a alçada do Banco de Portugal.
Lusa/SOL