"Uma semana depois de a praia estar pronta, o mar voltou a chegar ao paredão e a areia ficou toda submersa. Se agora não há ondas e o mar já chegou outra vez às rochas, dias após eles terem terminado a reposição de areias neste local, como é que vai ser no Inverno", questiona Patrícia Clinton, uma das concessionárias da Praia do Norte.
A proprietária de um café/restaurante conta que teve um prejuízo de mais de 60 mil euros por causa das inundações do último inverno. Para a comerciante, a empreitada de cinco milhões de euros para repor um milhão de metros cúbicos de areia nas praias da frente urbana da Costa de Caparica e São João, não resolve o problema.
"Havendo um Inverno rigoroso, acredito que haja novamente o drama que vivemos no ano passado. Imagine o pânico em que os concessionários vivem ao ver o património de anos de trabalho ir literalmente por água abaixo", salienta Patrícia Clinton.
A mesma opinião é partilhada por vários concessionários ouvidos pela agência Lusa.
Carlos Brumm diz que a obra que hoje terminou "não é solução", e que está a pensar vender o estabelecimento comercial, com receio de que se repita o cenário do último inverno.
Os comerciantes não entendem como é que, desde 2009, nunca mais foi reposta a areia nas praias da Caparica, até este ano.
Os concessionários criticam ainda o facto de a reposição de areia ter sido feita durante o Verão, o que prejudicou o negócio em Junho, Julho e parte de Agosto. A empreitada iniciou-se a 27 de Junho e terminou hoje – uma semana antes do inicialmente previsto.
O secretário de Estado do Ambiente foi hoje à Costa de Caparica para assinalar o fim da empreitada e explicar que a mesma só podia ter sido realizada no Verão, por razões técnicas e processuais.
Paulo Lemos disse aos jornalistas que estão reunidas as condições necessárias até ao final da época balnear, e garantiu que as praias da Costa da Caparica estão agora mais resistentes e preparadas para fazer face a futuras intempéries.
Questionado pelos jornalistas sobre os prejuízos dos concessionários provocados pelo mau tempo, o governante falou nos factores de risco associados a este negócio.
"É o risco de quem está num negócio numa zona que tem, por um lado, um factor de risco, mas por outro lado tem grandes vantagens em relação a um restaurante que seja numa rua de Lisboa ou de Almada. Não nos podemos esquecer que as pessoas têm um espaço privilegiado, à beira-mar, que, no Verão e no Inverno, é visitado. Agora, associados a estas vantagens, há riscos inerentes e as pessoas têm de ter consciência dessa situação", sublinhou o secretário de Estado.
Paulo Lemos assegura, contudo, que está de consciência tranquila em relação às medidas adoptadas para solucionar o problema das inundações.
"Agora, eu, e penso que o senhor vice-presidente [de Almada], temos a consciência limpa de que fizemos o que foi possível nas condições existentes, financeiras e de tempo, para remediar a situação que os temporais trouxeram. Acho que nem os concessionários deixarão de fazer essa justiça, pois muito rapidamente se arranjaram cinco milhões de euros e se colocou um milhão de metros cúbicos de areia nestas praias", concluiu o governante.
Lusa/SOL