“Já os romanos diziam que o Imperador Caracala merece todas as homenagens, desde que tenhamos a certeza de que está mesmo morto”, recordei, absorto.
“Essa certeza é hoje dada pela certidão de óbito, cada vez mais cientificamente incontestada”, ponderou Calisto, sempre confiante.
“Mas não chega para ganhar eleições, como te lembrarás pelo caso Sá Carneiro / Soares Carneiro”.
“Talvez não”, reconheceu ele quase contrariado, animando-se contudo imediatamente: “Mas estou convencido de que se morresse hoje, Ricardo Salgado passava rapidamente de vilão a grande empresário e amigo da cultura. E talvez Vítor Bento, na boleia, até virasse grande banqueiro”.