Segundo dados da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), trata-se da "maior comitiva portuguesa de sempre" na feira italiana, que decorre de domingo a quarta-feira e contará, logo no primeiro dia, com a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, à delegação nacional.
No total, as empresas portuguesas presentes na MICAM são responsáveis por mais de 7.000 postos de trabalho e cerca de 500 milhões de euros de exportação.
Conforme destaca a APICCAPS, a presença nacional em Milão insere-se na aposta na promoção comercial externa definida pela associação e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) para "consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos, diversificar o destino das exportações, abordar novos mercados e possibilitar que novas empresas iniciem o processo de internacionalização".
Neste âmbito, mais de 150 empresas da fileira do calçado estão a participar, desde o início do ano, no que é descrito como um "megaprograma" de promoção à escala internacional, que inclui a presença em cerca de 60 dos "mais prestigiados fóruns internacionais" da especialidade.
Na sequência desta aposta, que desde 1994 se traduziu num total de 661 acções promocionais no exterior, o calçado português tem vindo a somar recordes e, no primeiro semestre deste ano, obteve o melhor resultado de sempre nas vendas para o exterior: de Janeiro a Junho, as exportações cresceram mais de 12% e ultrapassaram os 42 milhões de pares, no valor de 885 milhões de euros.
No acumulado dos últimos quatro anos, o sector português do calçado cresceu mais de 40% no exterior, registando subidas em "praticamente em todos os mercados internacionais".
Na União Europeia, a indústria portuguesa voltou a reforçar a sua posição este ano, com um crescimento na ordem dos 11%, mas é, sobretudo, fora da Europa que mais se tem notabilizado, com um crescimento de 23%.
Ainda assim, o objectivo do sector passa por "aprofundar a presença de calçado nacional em novos mercados, de modo a que as vendas extracomunitárias representem 20% do total até 2020".
Até Junho, a APICCAPS reporta taxas de crescimento a dois dígitos em vários mercados, como a Rússia (mais 12% para 19 milhões de euros), os Estados Unidos da América (mais 92% para 21 milhões), o Canadá (mais 30% para nove milhões) e a China (101% para três milhões) ou os Emirados Árabes Unidos (19% para três milhões).
Actualmente, a indústria portuguesa de calçado coloca no exterior mais de 95% da sua produção, o equivalente a 1.700 milhões de euros anuais, tendo desde o início do ano em curso acções comerciais em 16 mercados distintos e uma campanha de imagem sob o 'slogan' 'The Sexiest Industry In Europe', que pretende reposicionar a oferta portuguesa a nível mundial.
Segundo dados da APICCAPS, no final de 2013, o sector português de calçado empregava 35.044 colaboradores, mais 420 do que no ano anterior (34.624), sendo que mais de 600 novos postos de trabalho foram criados já este ano.
É o resultado de investimentos como o da multinacional Ecco, que está a transformar a sua unidade de Santa Maria da Feira na "mais moderna do grupo a nível mundial" e, nos últimos meses, criou 600 novos empregos, a que se seguirão mais 300 até final do ano.
Já a Ara criou 50 postos de trabalho em Seia e "várias outras empresas portuguesas, confrontadas com a escassez de mão-de-obra nas zonas de forte concentração da indústria de calçado estão a investir no interior do país".
"Depois de Castelo de Paiva, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Paredes de Coura, o sector investe agora em Cinfães", destaca a APICCAPS, apontando a nova unidade produtiva para ali anunciada para o início de 2015 pelo grupo Carité, cujos primeiros 20 colaboradores começam a ser formados já em Setembro.
De acordo com a associação, "em traços genéricos a estratégia do sector passa por melhorar a capacidade de reposta face ao aumento das vendas" e a deslocalização para o exterior "não é uma opção estratégica natural, já que as empresas privilegiam um contacto directo com o retalho e a capacidade de resposta rápida é, deste ponto de vista, essencial".
Lusa/SOL