Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Internacional da Solidariedade, que se assinala no domingo, Eugénio Fonseca defende que foi a solidariedade de uma parte dos portugueses que conseguiu ajudar a outra parte, a parte dos mais pobres e com mais necessidades.
"Nos últimos anos, no nosso país, não fora a solidariedade dos nossos concidadãos e concidadãs e a crise que atravessou o mundo e de forma especial a Europa e especialmente Portugal, a situação de carência, de desumanidade dos nossos concidadãos teria sido maior", sublinha o presidente da Cáritas.
Eugénio Fonseca não tem, por isso, dúvidas em afirmar que "quem salvou tanto quanto foi possível muita da agressividade das consequências desta crise foi esse valor extraordinário que é a solidariedade", valor que os portugueses "tanto têm demonstrado".
Na opinião do responsável há uma diferença entre ser solidário e ter gestos de solidariedade, mas Eugénio Fonseca diz que não desvaloriza nem uma nem outra, já que ambas "têm sido altamente providenciais em ocasiões diferentes".
Aponta que ser solidário é uma forma de estar na vida e que acontece de forma altruísta, enquanto o gesto de solidariedade é muitas vezes uma resposta a um momento, que precisa de uma motivação externa.
Na relação entre economia e solidariedade, Eugénio Fonseca entende que não têm de ser dois eixos opostos, apesar de o enfoque que tem sido dado à economia ter mais a ver com o lucro e a competitividade do que "aquela que é a sua razão de existir, que é a pessoa".
Na opinião do presidente da Cáritas, é isso que leva à criação da economia social.
"Não quer dizer que venha a substituir a economia de mercado, mas que, pelos objectivos que tem, ameniza muito daquilo que é a parte mais negativa desta economia que aposta mais nos mais competitivos e deixa de fora os mais débeis", disse.
Apesar de ser a economia social, através das suas organizações e instituições, que ajuda muitos dos que mais precisam, Eugénio Fonseca diz que as instituições "sentem que ficam muito aquém daquilo que são as necessidades que nos últimos tempos lhes têm aparecido", já que não têm recursos suficientes para "acudir a todas as necessidades".
"Já muito têm feito para não se extinguirem por inviabilidade financeira porque seria o caos. Não conseguiria imaginar Portugal sem o dinamismo deste sector, que é o sector da economia social", sublinha.
Nesse sentido, defende uma co-responsabilidade maior e que seja feita a devida reflexão sobre qual é o papel do Estado e aquele que cabe à sociedade civil.
"Julgo que deve ser feita até antes de se falar ou decidir alguma coisa sobre o que é o Estado social porque não se pode falar de Estado social sem se falar daquilo que é o lugar do Estado no conjunto da organização sociopolítica e económica do país e depois o papel da sociedade civil", conclui.
Lusa/SOL