Começámos por saber que se evitava dar medicamentos mais caros, primeiro aos doentes oncológicos ou cardíacos, depois aos das artrites reumatóides. E agora é a hepatite C. Os doentes vão caindo em doenças mais graves (cirroses ou cancros), ou morrendo, enquanto o Estado quer negociar com as farmacêuticas o embaratecimento dos novos medicamentos de eficácia comprovada.
Entretanto, outros países – mesmo a Alemanha, Espanha e França – já adoptaram esses medicamentos nos seus serviços públicos de saúde. Não é a Europa que nos obriga: é mesmo opção governamental cortar aqui, em vez de acabar com as mordomias politicas da originalidade portuguesa.
E falta ainda o Ministério da Saúde (onde o ministro parece ter sido transformado em mito, desde que constou que não concordava com as políticas asfixiantes de Vítor Gaspar) explicar bem como é que, cortando toda a investigação (incluindo a médica), quer que se avence no tratamento dos doentes, se as farmacêuticas não podem ganhar nas suas descobertas o suficiente para financiarem o estudo de novos tratamentos. E se o Estado só quer financiar genéricos, de empresas que não fazem qualquer investigação.