A feira de calçado internacional de Milão (MICAM), a maior do mundo e que decorre na cidade italiana entre hoje e quarta-feira, conta, este ano, com 86 empresas portuguesas, representando "mais de 100 marcas", segundo a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS).
"É um grande evento", disse à Lusa o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, sublinhando que "95 por cento do calçado" feito em Portugal é exportado, o que equivale a 1.700 milhões de euros anuais.
Segundo dados da APICCAPS, no final de 2013, o sector português de calçado empregava 35.044 colaboradores, mais 420 do que no ano anterior, sendo que mais de 600 novos postos de trabalho foram criados já este ano.
"Estamos envolvidos num grande esforço para exportar mais e o calçado tem sido um êxito nesse capítulo", frisou Rui Machete, destacando que "a qualidade e o design e a inovação são manifestos" e têm conquistado, "todos os anos, quotas de mercado muito grandes".
Porém, reconhece, "é difícil, às vezes, comprar calçado português em Portugal". O próprio ministro já as sentiu. "Eu compro calçado nacional e, por vezes, há dificuldades em encontrar calçado nacional, porque praticamente é todo exportado, excepto os tais cinco por cento", contou.
Porém, Rui Machete está convencido de que "é mais fácil, apesar de tudo, aumentar a produção para que os portugueses comprem [calçado], do que colocar fora" os produtos nacionais.
As exportações — sublinhou — têm interessado "muito" à diplomacia portuguesa, que as tem apoiado, "quer directamente, através das embaixadas", quer através da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), cujo administrador, Pedro Pessoa e Costa, acompanhará Rui Machete na visita de hoje à MICAM.
Sobre os acordos de comércio livre que a União Europeia poderá vir a estabelecer com outros Estados, o chefe da diplomacia acredita que podem "aumentar em exponencial a exportação do calçado e vestuário têxtil" nacionais, embora "apresentem problemas", nomeadamente ao nível da maquinaria, sendo necessário "tomar as medidas necessárias" para os prevenir.
Lusa/SOL