Novelas: Guionista português faz sucesso na Globo

Argumentista de várias telenovelas de grande sucesso em Portugal – como Ninguém como tu que conquistou grandes audiências para a TVI, em 2005 -, Rui Vilhena é o primeiro autor português responsável pelo argumento de uma novela da brasileira Globo.

streada no passado dia 4, Boogie Oogie, a nova 'novela das 6' da cadeia brasileira está a seduzir os espectadores, registando  audiências elevadas: obteve na primeira semana e por quatro vezes 20 pontos (segundo o sistema de medição de audiências brasileiro), enquanto a sua antecessora só alcançou esse valor uma vez durante todo o tempo de transmissão.
 
O ambiente disco sound

A acção desenrola-se em 1978 e a novela tem sido descrita como uma mistura de Dancin' Days (novela da Globo, de 1978, com Sónia Braga e António Fagundes) e  Ninguém como tu, ou seja o ambiente disco sound e uma trama policial, característica de todos os argumentos de Vilhena.

Além do elenco brasileiro de Boogie Oogie – que inclui Deborah Secco, Betty Faria e Francisco Cuoco -, o autor convidou a portuguesa Maria João Bastos, que deverá integrar a trama a partir do capítulo 50.

Maria João Bastos esteve no Brasil na estreia e refere que “a novela está a ter uma aceitação incrível por parte do público. Toda a equipa está superfeliz”. Maria João Bastos foi convidada pelo próprio Rui Vilhena  há um ano e diz ter ficado “muito orgulhosa” por o autor querer a sua participação naquele que é o primeiro projecto de sua autoria no grupo brasileiro.

Rui Vilhena está a trabalhar na Globo desde 2011, integrando equipas de escrita, mas esta é a primeira novela de que é o argumentista titular. O autor refere que poderá contar ainda com outros actores portugueses: “A novela é uma obra aberta. De momento, apenas a Maria João Bastos faz parte do elenco, mas isso não quer dizer que será a única. Depende do andar da trama”. 

Para a actriz portuguesa, que tem apostado nos últimos anos em “internacionalizar a carreira” de modo a obter “novas experiências profissionais”, este é um feliz regresso à Globo, “depois de 10 anos”. “Fui novamente muito bem recebida”, sustenta, recordando que já tinha trabalhado naquela estação, “em vários projectos, durante cinco anos”.
A actriz avança que a personagem que irá encarnar “tem uma relação com um jornalista brasileiro exilado em Londres, onde se conheceram e viveram, e decidem em 1978 regressar ao Brasil. Aqui, ela depara-se com uma situação que desconhecia e também esconde um segredo que poderá mudar a sua vida”. 

Quanto à importância que a actriz portuguesa irá assumir na novela, o argumentista explica que nas suas novelas “todas as personagens, apesar de estarem ligadas à espinha dorsal do enredo, têm a sua própria trama”: “Actor não pode ser figuração”.

Rui Vilhena descreve a Globo, como “a maior e melhor produtora de novelas do mundo com um padrão de qualidade ímpar” e sustenta que, como autor deste universo, “está muito feliz”, tal como foi muito feliz enquanto trabalhou em Portugal. 

Mais de um ano de pré-produção 

A diferença do trabalho na Globo, sustenta, é o maior tempo que é dado para pensar a novela. “A pré-produção começa com mais de um ano de antecedência e isso faz muita diferença”. Já em fase de gravação, acrescenta, “os capítulos são produzidos da mesma forma”.

Nascido em 1961 em Moçambique, Vilhena estudou Comunicação Social no Brasil, tendo depois concluído o curso de Escrita de Argumentos na célebre Universidade da Califórnia de Los Angeles (UCLA). Viveu e trabalhou em Portugal entre 1996 e 2011, altura em que foi convidado por Aguinaldo Silva para integrar a equipa de guionistas da Globo para Fina Estampa.

Na novela Boogie Oogie é ele quem agora dirige uma equipa de sete guionistas, tendo a supervisão de texto do próprio Aguinaldo Silva – autor principal de Roque Santeiro (1985) e Tieta (1989), que foram grandes sucessos tanto no Brasil como em Portugal.

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