“É uma marca forte do grupo e presta-se a uma história muito engraçada”, avança o presidente da Visabeira Turismo, Frederico Costa, em entrevista ao SOL. Há a intenção de convidar artistas a interpretar as peças da Bordallo Pinheiro ou ter uma loja desta cerâmica artística, acrescenta.
“Em Lisboa, para surgir nova hotelaria, tem de ser algo completamente diferente. Não pode ser só mais um hotel”, justifica. O novo espaço, com 49 quartos, será “único” – vai diferenciar-se na comunicação, no posicionamento do produto e nas experiências para os clientes.
Aprender a fazer loiça
A mesma lógica será seguida noutro hotel que está a ser construído em Ílhavo, Aveiro, no bairro operário que inclui a fábrica e o museu da Vista Alegre, outra marca forte do grupo.
Neste caso, o hotel deverá começar a funcionar no Verão de 2015, após um investimento de 11 milhões de euros. Será um cinco estrelas com 83 quartos e “terá uma ligação umbilical” à Vista Alegre, que já está em países como os EUA, Brasil, China ou Reino Unido. O objectivo do grupo é que a marca centenária portuguesa contribua para atrair estrangeiros para a futura unidade. As apostas serão visitas à fábrica, workshops onde seja possível fazer serviços de loiça personalizados e eventos como casamentos – o empreendimento tem uma capela que será restaurada.
Crescer é prioridade
Tendo a expansão como palavra de ordem, a Visabeira Turismo procura novos investimentos turísticos. “Portugal continua a ser a nossa prioridade. O grupo é daqui e acredita no país”, garante. O grupo detém a rede Montebelo, com cinco hotéis no centro do país, e Lisboa encabeça a lista de destinos para crescer. Na capital, a Visabeira Turismo estreou-se em 2012 com a inauguração do restaurante Zambeze.
A companhia chegou a analisar os activos da Tivoli, à venda devido ao colapso do Grupo Espírito Santo. Mas não apresentou propostas porque “a dimensão do negócio desequilibraria a actividade central da Visabeira”.
Segundo Frederico Costa, que chegou à empresa em Outubro passado, depois de deixar a presidência do Turismo de Portugal, “há negócios em Lisboa tão ou mais interessantes que o Tivoli”. E realça: “Toda a economia está à venda. É uma questão de preço. Há muito hotéis disponíveis, mas também não queremos comprar a dívida e o prejuízo dos outros”.
Comprar ou tomar posições em projectos já existentes também são opções da Visabeira Turismo, que está “próxima de fechar dois ou três dossiers”, diz o presidente, sem querer detalhar. Região Oeste, Sintra ou Cascais, onde há hotéis em dificuldades, com obras paradas e até prontos a abrir, podem trazer boas oportunidades para o grupo. Sendo dono de uma construtora, de empresas de serviços e de decoração, tem meios internos para avançar.
Verão melhor do que em 2013
A complementaridade é outra das características da Visabeira Turismo que, além dos hotéis, tem restaurantes, um campo de golfe, um centro hípico, um parque radical, um centro desportivo e um parque aquático, a par do bowling e do bar do gelo, ambos no shopping Palácio do Gelo, em Viseu, que também possui.
“Temos de encontrar produtos que complementem e dêem valor à oferta hoteleira. Mais do que disponibilizar camas, vamos tentar enriquecer a experiência do turista na região”, detalha. Apesar da conjuntura e de não ser um dos principais destinos turísticos do país, o Centro está a afirmar-se no turismo.
“Este Verão está a correr melhor do que o do ano passado. Em alguns casos tivemos crescimentos de dois dígitos. O Palácio dos Melos, no centro histórico de Viseu, está a crescer mais de 20%” beneficiando do aumento de eventos, exemplifica.
Mais hotéis em África
Quanto à internacionalização, crescer em África é também prioritário para a Visabeira Turismo. Em Moçambique, opera com a marca Girassol em seis hotéis e explora cinco restaurantes. Tete, Beira ou Maputo são regiões a que o grupo está atento.
E, apesar da instabilidade dos últimos meses, a actividade não se ressentiu. “Os resultados são idênticos aos do ano passado”. E está em curso um investimento de 1,3 milhões de euros para renovar o Girassol Bahia e o Girassol Indy, na capital moçambicana.
Em Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Angola também já houve contactos exploratórios.