A fusão é o único ponto da agenda e os analistas não antecipam que haja surpresas: os investidores deverão dar luz verde ao novo memorando, já que os maiores blocos accionistas estão a favor da operação.
Mas antes da votação o debate deve aquecer, com a presença dos pequenos investidores. O polémico investimento de 900 milhões de euros na empresa Rioforte, do Grupo Espírito Santo, que fragilizou os interesses dos accionistas nacionais na fusão, deve ser alvo de um debate aceso.
A aplicação levou a Oi e a PT a reverem o memorando da fusão e implicou a redução da participação portuguesa de 38% para 25,6%. Porém, a PT fica com possibilidade de aumentar essa posição no prazo de seis anos.
A própria presença de Henrique Granadeiro é uma incógnita. O gestor apresentou a demissão no mês passado, mas ainda não anunciou a data oficial para a sua saída.
A associação que representa os accionistas minoritários (ATM) avançou mesmo com um processo em tribunal contra o Conselho de Administração da PT. E promete não dar tréguas, depois de já ter tentado impugnar a assembleia-geral. Segundo adiantou ao SOL fonte oficial da ATM, a associação vai tentar a anulação do novo acordo, caso seja aprovado na reunião da próxima segunda-feira.
Para já, o mercado está confiante na aprovação da fusão. Como explica Steven Santos, analista da corretora XTB, “o novo acordo permite à PT ganhar tempo para recuperar o capital não reembolsado pela Rioforte”. Além disso, “os accionistas da PT parecem não ter poder negocial para exigir uma solução alternativa, uma vez que o investimento danoso em dívida da Rioforte partiu da PT”.
No Brasil, os analistas também antecipam que o novo acordo seja aprovado. Pedro Galdi, da corretora SLW, acredita que “o processo siga para uma nova configuração accionista, como já anunciado”.
As desvantagens de um 'chumbo' ao novo memorando pesam na balança. A não aprovação teria um “impacto negativo”: adiar a concretização da fusão ou até travar a integração entre as operadoras, o que “tornaria a PT mais vulnerável a eventuais litígios, devido ao investimento na Rioforte”, detalha Steven Santos. E não tem dúvidas: “Ficar de fora do mercado brasileiro seria um desastre para os accionistas da PT”.
A presença internacional da PT já sofreu um revés graças à 'guerra' com a Unitel em Angola, devido a pagamentos de dividendos em falta por parte da operadora africana, no valor de 250 milhões de euros.
Novo Banco sem decisão
Na fusão da PT com a Oi, uma das incógnitas é a posição do Novo Banco. A instituição ficou com os 10% que o BES detinha na PT e ainda não decidiu o destino desta participação, nem o substituto de Amílcar Morais Pires, que renunciou ao cargo de administrador da PT que tinha por inerência. “As decisões relativas à participação na PT estão em avaliação pelo Conselho de Administração”, disse ao SOL fonte oficial do Novo Banco.