Vítor Bento diz que nova equipa do Novo Banco está ‘mais alinhada com o accionista’

O presidente demissionário do Novo Banco, Vítor Bento, escreveu hoje aos colaboradores e clientes da instituição, justificando a saída do Conselho de Administração e destacando o “profissionalismo” e “experiência” do seu sucessor.

Vítor Bento diz que nova equipa do Novo Banco está ‘mais alinhada com o accionista’

"Estou convicto de que esta mudança ocorre no momento mais oportuno para o efeito", escreve Vítor Bento na comunicação interna aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso, acrescentando que "estão praticamente resolvidas as questões mais complexas e desgastantes da transição do regime do Banco".

Segundo Vítor Bento, "libertando a nova equipa daquele desgaste", a actividade do banco ganhará "um novo impulso".

O presidente demissionário do Novo Banco dirigiu hoje duas cartas, uma aos colaboradores do Novo Banco e outra aos clientes.

Vítor Bento afirma em ambas as cartas que o novo presidente é "uma pessoa muito experiente no sector", "um profissional reconhecido".

"Os elementos que o acompanham na renovação da equipa são também profissionais reconhecidamente competentes", acrescenta. 

Na comunicação interna aos colaboradores, Vítor Bento lembra ter entrado a 14 de Julho com José Honório e João Moreira Rato, numa envolvente "muito complexa e cheia de incertezas" e perante uma situação que se afigurava "com um período muito difícil". 

Tal pressupunha, de acordo com o economista, "um razoável horizonte temporal para o efeito". 

 "Como é sabido, as coisas precipitaram-se muito rapidamente e o banco acabou objecto de uma medida de resolução, que correspondeu ao que as autoridades consideraram ser, dentro das circunstâncias, a que melhor protegeria o banco, os seus clientes e o seu futuro", explica.

Segundo Vitor Bento, a sua equipa acabou por aceitar fazer a transição para o novo regime, para "assegurar que a mesma não teria nenhum efeito desestabilizador no banco e no sistema financeiro". 

Também, continua, porque "na altura não era ainda claro que não fosse possível prosseguir o projecto de médio prazo" com que iniciaram a missão. 

"Durante este período contribuímos para a estabilização do Banco, lançámos, com apoio da McKinsey, a elaboração de um plano de sustentabilidade, pusemos em curso a mudança de marca (por imperativo regulamentar), criámos as condições para a "normalização" do funcionamento interno e externo do banco, definimos objectivos para o último trimestre e lançámos o processo orçamental para 2015, entre várias outras coisas", enumera.

Vitor Bento diz ainda "estar praticamente concluído o balanço de abertura do banco, não auditado, mas que permitirá um diálogo mais sólido com as várias contrapartes dos negócios do banco e com as agências de 'rating'".

"Por essas razões entendemos ser agora oportuno passar o testemunho a uma outra equipa de gestão mais alinhada com o projecto escolhido pelo accionista", esclarece o presidente demissionário. 

Aos clientes, Vítor Bento começa por explicar que a mudança "não tem nada de dramático" e espera que "até possa beneficiar o banco" e garante que, "além de alguns nomes, nada de essencial muda no banco". 

"A força do banco e a capacidade de preservar o seu valor reside nos seus colaboradores, como tenho dito várias vezes, e essa mantém-se intacta, pelo que acreditamos que o Novo Banco será sempre uma grande instituição, com gente muito dedicada, clientes leais e uma actividade de negócio que pode dar um importante contributo para a recuperação da economia portuguesa", escreve ainda.

O Banco de Portugal (BdP) confirmou no domingo que Eduardo Stock da Cunha foi o escolhido para suceder a Vítor Bento na liderança do Novo Banco, depois de o último ter pedido para deixar o cargo na semana passada, quase dois meses depois de ter sido nomeado. 

A nova equipa de gestão inclui ainda Jorge Freire Cardoso (administrador financeiro), Vítor Fernandes e José João Guilherme.

Eduardo Stock desempenhava actualmente funções de director no Lloyds Banking Group (LBG), em Londres, depois de ter trabalhado vinte anos como administrador no Grupo Santander Totta e, mais tarde, no Sovereign Bank/Santander Bank N.A., nos Estados Unidos".

Lusa/SOL