Filmes sobre cante alentejano e kuduro estreiam na quinta-feira

Os documentários “Alentejo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut, e “I love kuduro”, de Mário Patrocínio, que registam duas práticas musicais e a sua cultura – o cante alentejano e o kuduro – estreiam-se na quinta-feira nos cinemas portugueses. 

"Alentejo, Alentejo", premiado no IndieLisboa, revela vários grupos polifónicos alentejanos, masculinos e femininos, mas o documentário sublinha ainda a importância do cante na própria identidade dos alentejanos.

"O cante alentejano é o modo musical português que mais me comove, é telúrico e é um fenómeno identitário", disse Sérgio Tréfaut à agência Lusa.

O realizador rodou este documentário depois de ter feito um curto filme, a convite da autarquia de Serpa, sobre o mesmo tema por causa da candidatura do cante alentejano a Património Imaterial da Humanidade (cuja decisão da UNESCO será tomada no final do ano).

Sérgio Tréfaut filmou grupos corais masculinos e femininos, como as Papoilas do Corvo e o Grupo do Sindicato Mineiro de Aljustrel, assim como formações corais mais recentes, como Os Bubedanas de Serpa.

As filmagens foram feitas em várias localidades do Alentejo – Castro Verde, Cuba, Vidigueira, Baleizão ou Aljustrel – e misturam curtos depoimentos dos cantores com interpretações vocais, em situações informais e do quotidiano, como por exemplo, à mesa e na confecção de uma açorda.

O filme começa com "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, porque "é a maior homenagem de fora que é feita ao cante alentejano", disse.

A propósito do filme e da candidatura do cante alentejano a património pela UNESCO, Sérgio Tréfaut promoveu uma série de actuações de grupos corais em Lisboa e prepara uma acção semelhante no sábado no Porto, com Os Bubedanas.

Na quinta-feira estreia-se também o documentário "I love kuduro", de Mário Patrocínio, sobre o movimento cultural kuduro, surgido em Luanda e que se tem espalhado pelo mundo.

"I love kuduro" conta a história do movimento musical, que mistura batidas house e tecno com ritmos tradicionais, através de alguns dos protagonistas, como Nagrelha, Príncipe Ouro Negro e Presidente Gasolina, Titica, Tony Amado e Sebem.

"É uma música de massas, (?) praticamente não consegues estar parado, faz com que te mexas, com que dances, é uma aproximação ao ritmo cardíaco mas mais acelerado, isso mexe com as pessoas, seja de onde forem" e "mesmo que elas não entendam o que está a ser dito", observou Mário Patrocínio, em declarações recentes à Lusa.

O filme, já exibido e premiado no Brasil, nasceu do cruzamento entre o interesse do realizador português e o artista angolano Coréon Dú, que "também tinha o sonho de fazer um filme sobre o kuduro".

Lusa/SOL