Sim, Escócia!

Por motivos familiares, sou sensível à questão da independência da Escócia. Uma parte importante da família apaixonou-se por um escocês e daí resultaram mais três. São cinco pessoas com residência ao largo do rio Tay, a olhar para a cidade de Dundee, que amam Portugal. E que amam profundamente aquele que é para elas o…

Apesar de várias dívidas e crises, talvez por termos as nossas fronteiras e a nossa independência garantidas nos pareça estranho que uma região anseie hoje em dia por uma secessão. Quase como um divórcio passados 50 anos de casamento. Para quê? Pois vejo esta vontade como uma das muitas qualidades dos escoceses, um povo afectuoso e decidido. Respeito os países que querem tratar da sua vida, sem terem de responder a outros pelas suas opções. Querer ser autónomo é um acto de coragem que não está ao alcance de todos. Só esta razão bastaria para apoiar o sim. Como tenho cinco independentistas na família, tenho seis razões. 

Erros meus 

Tom Stafford, da Universidade de Sheffield, explicou na Wired online a razão de ser das gralhas. Não é por o escritor ser descuidado ou estúpido mas porque escrever é uma tarefa complexa: “escrever é transmitir um significado”, diz. Concordo mas não me alegra. Parece que o nosso cérebro, ocupado nesta tarefa complicada, não se preocupa muito com pormenores como trocas de letras em palavras que podem criar vocábulos equívocos ou inexistentes ou até mesmo a omissão de um parágrafo essencial à compreensão do texto. Concordo mas sem alegria. A cabeça de quem escreve estará tão familiarizada com o tema que não repara nos erros que as mãos dão a escrever. Do outro lado está o leitor que não sabe onde quer chegar o autor, que está duas ou três vezes mais atento e que poderá ou não concordar com o texto ao mesmo tempo que encontra erros e gralhas que pareciam invisíveis. Conclusão: qualquer escritor dá gralhas mas só um bom leitor as encontra.

O túmulo perdido

Há dois anos que decorrem as escavações em Anfípolis, a poucos quilómetros de Salónica, mas só em Agosto deste ano os rumores apontaram para uma possibilidade incrível: será neste túmulo datado de 325-300 a.C. que está sepultado Alexandre Magno? Recebi a probabilidade com cepticismo. Pelo que sabemos, que é pouco, Alexandre terá morrido envenenado ou de doença no seu regresso a Macedónia. A tese que conheço melhor indica que terá sido sepultado em Alexandria, no Egipto, mas o local nunca foi encontrado. Há dias, duas cariátides, figuras femininas esculpidas em colunas de pedra, foram encontradas em Anfípolis. As figuras de 1,20 m estão na segunda entrada para um túmulo de grandes dimensões, digno de um grande general. Sabemos que o pai de Alexandre, Filipe da Macedónia, não está lá dentro. O seu túmulo foi encontrado na década de 70. Fica em Vergina, no norte da Grécia. Mas pode estar a mãe de Alexandre, Olímpia. Aguardemos com excitação.

A melhor peixaria

É desanimador que logo no momento em que as redes sociais parecem ocupar uma parte considerável das nossas vidas, não tenhamos boas páginas para seguir. São raras as páginas interessantes de seguir no Facebook. Alguns perfis valem a visita, mas as páginas são em geral fracas. Uma excepção muitíssimo excepcional é a página da Peixaria Centenária, facebook.com/peixariacentenaria, que aconselho com alegria e entusiasmo. A linguagem é adequada, as fotografias belíssimas, as cores atraentes, a assiduidade dos posts é suficiente. Tudo ali é equilibrado e está muito bem feito. Apetece passar o dia a ir à loja da Praça das Flores, passar a vida a ligar para lá para encomendar o que apresentam tão bem. A internet convive bem com a beleza. O que é feio é descartado porque não vicia. E se vicia, então os defeitos estão nos utilizadores. Não são a maioria. A Peixaria Centenária fala para a maioria que gosta do que é bom e bonito. Por isso sou cliente. 

Amanhã vai ser pior

Penso que os portugueses aceitariam o pessimismo como característica nacional predominante. Mas para surpresa de muitos, devo anunciar que não somos o povo mais pessimista do mundo. Estar à espera do pior, lidar com a dor imaginária ou real, lembrar os piores dias da nossa vida e esquecer depressa o dia de ontem, quando tudo correu às mil maravilhas, não são provas da nossa portugalidade mas da nossa humanidade. Jacob Burak, na Aeon Magazin, afirma que estamos preparados para sentir a dor, mas não para a ausência dela. Esta capacidade para encontrarmos a natureza negativa da realidade pode ser uma defesa inconsciente e também uma forma de derrotismo ou resignação dócil a este vale de lágrimas em que fomos condenados a viver. A solução é simples mas de difícil execução: convencermo-nos de que nem tudo é tão mau como parece e que nem tudo acaba inevitavelmente por melhorar. Aceitemos, por fim, que o optimismo é na verdade uma perturbação mental.