O líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu, Carlos Zorrinho, afirmou à Lusa que "é óbvio que uma eventual vitoria do sim cria mais um desafio à UE", que já "tem muitos desafios neste momento".
"Mas talvez a existência de desafios seja uma forma de acordar a UE para a necessidade de ter uma outra postura e uma outra robustez em termos de objectivos, de missão", disse, apontando que "esta vontade" manifestada por várias regiões no seio da Europa de terem um outro caminho é também "um sinal de falta de coesão do projecto europeu".
Questionado sobre se, por princípio, a UE deve abrir as portas à adesão de uma Escócia independente, em caso de triunfo do sim, o eurodeputado disse que, como Estado soberano, a Escócia pode sempre solicitar a adesão, mas insistiu que é necessário aguardar pelos resultados.
"Até lá chegar, há um longo caminho, e até pode acontecer que ele seja interrompido já na próxima quinta-feira", comentou.
Também Paulo Rangel, o líder da delegação da "Aliança Portugal" (PSD e CDS-PP), a segunda mais representativa entre os portugueses eleitos para a assembleia europeia, vaticinou um "problema que a UE terá que resolver", mais premente, naturalmente em caso de vitória do "sim", mas igualmente necessário, sustentou, caso vença o "não", o que, de resto, disse acreditar que irá acontecer.
"Eu tenho alertado aqui, quer na comissão de Assuntos Constitucionais, quer no próprio PPE (Partido Popular Europeu), para um défice de reflexão sobre este assunto", que "ninguém queria tratar porque consideravam implausível uma vitória do sim".
Sublinhando que não há, ao nível da UE, "nenhuma doutrina produzida" sobre esta matéria, o eurodeputado social-democrata vaticinou por isso "um impacto muito sério se o «sim» ganhar", acrescentando que, mesmo em caso de vitória do "não", haverá sempre "um problema para resolver", pois "a Europa não estava preparada para ter este tipo de cisões" na sua parte ocidental, e o referendo escocês tem necessariamente implicações sobre Irlanda do Norte, Catalunha e País Basco (Espanha) e Flandres (Bélgica), entre outras regiões com fortes movimentos independentistas.
Por fim, João Ferreira, do PCP, a terceira maior delegação partidária portuguesa ao Parlamento Europeu, afirmou que "o PCP defende desde há muito a importância de estabilidade de fronteiras do pós-guerra", mas sublinhando que "este é um princípio que não se pode sobrepor ao inalienável direito de cada povo decidir livremente o seu futuro".
Questionado sobre a adesão de uma Escócia independente à UE, o deputado comunista disse que, se de facto triunfar o "sim", e se a adesão "resultar de uma expressão inequívoca de vontade do povo escocês de pertencer à UE", então "evidentemente não devem ser levantadas dificuldades" que não são levantadas a outros países terceiros que se candidatam à adesão.
Lusa/SOL