“Isto mostra que a crise não se está a reflectir de forma evidente no aumento dos maus-tratos”, afirmou ao SOL Maria de Lurdes Torre, presidente da secção de Pediatria Social da SPP. A pediatra, que também integra o núcleo de apoio à criança e jovens do Hospital Amadora-Sintra – inserido num território com graves problemas sociais – afirma que o estudo demonstra que os problemas das famílias estão-se a agravar, como o desemprego, a violência doméstica ou a subida do número de agregados monoparentais. Mas, ao nível dos maus tratos, não ficou provado que tenham sido mais frequentes e graves no período de crise económica que o país atravessa.
Maria de Lurdes Torre atribui também esta estabilização dos registos de maus-tratos à maior visibilidade deste fenómeno e ao que chama “uma maior exposição destas famílias”: “Sabem que podem ser denunciadas e, acima de tudo, estão mais informadas de que estas atitudes não são correctas”. Além disso, a pediatra lembra que as famílias sabem que os profissionais de saúde e as escolas estão cada vez mais atentos para identificar e sinalizar estas problemáticas e referenciam-nas ao Ministério Público quando há suspeitas.