O estratega e o operacional
O Papa Francisco celebrou 20 casamentos no domingo passado. Não seria notícia se tivesse sido apenas isso. A singularidade do acto deve-se a alguns casais já viverem juntos e alguns até já terem filhos. Como se sabe, a Igreja Católica condena ambas as condições, mas a habitual atitude do Papa de mostrar o que quer da Igreja através de exemplos em vez de fazer declarações solenes é eficaz. A tolerância e a compreensão não se decretam, praticam-se. É, no entanto, importante não ver estes actos públicos como testemunhos de ruptura. Li no The New York Times que a posição de Francisco contrastava com as declarações de Bento XVI, que chamava a atenção para as ameaças à família tradicional que minavam o futuro da humanidade. Não vejo oposição entre ambos. O que Francisco está a fazer é pelo contrário fortalecer a família tradicional, ultrapassando obstáculos obsoletos e arbitrários que a limitavam. Não ver esta continuidade profunda é não ver nada.
Um futuro promissor
A Pew Research Centre é uma organização parecida com a nossa Pordata, só que é norte-americana. Numa das investigações mais recentes descobriu que os jovens deste milénio lêem mais livros do que a geração anterior. Cerca de 43% dos americanos com menos de 30 anos lêem pelo menos um livro por semana. Também visitam as bibliotecas com tanta frequência como a geração anterior. A geração milénio só é superada por pessoas com mais de 30 anos na leitura de notícias em jornais impressos ou online. Nesta categoria os mais novos só chegam aos 55%, contra 64% da geração anterior. Para compensar, a geração milénio está certa de que as informações mais importantes não estão na internet. Para terminar, os jovens americanos preferem comprar livros a pedi-los emprestados. Por isso, caros pais e mães: não tenham medo dos tablets, dos computadores nem dos smartphones. As crianças e os jovens deste século confuso gostam mesmo é de livros.
Regresso às aulas
A minha época preferida do ano é o regresso às aulas. Não por eu própria regressar para me sentar à carteira da sala de aula, isso já acabou, mas porque me lembro de ser feliz na escola. Até miúda me lembro da excitação do primeiro dia de aulas, de estar cansada de tantas férias. Também me lembro já mais velha de não ter paciência, de faltar muito, de não me interessar por nada do que me estavam a tentar ensinar. Lembro-me bem de não ouvir, de ser má aluna, de chumbar, mas também me lembro de ser muito boa quando tinha curiosidade por assuntos, livros ou problemas. Mas na minha memória, o regresso às aulas significa o regresso a um sítio de paz e harmonia. Li com tristeza que há 30 milhões de crianças em todo o mundo que este ano não vão regressar às aulas. É uma notícia profundamente desoladora. Significa que estas crianças não têm condições nos seus países para terem uma vida normal. Porque é isso que a escola representa: a normalidade.
Vou passar a usar
Já nos habituámos às apresentações dos novos modelos de iPhone em Setembro. Sabemos que compramos um telefone caríssimo agora para ser um objecto ultrapassado daqui a um ano. O prazo fica estabelecido desde o dia da apresentação. Mesmo sabendo isto, vibramos com a novidade e sonhamos com os novos modelos. É irracional, mas é divertido. Este ano, porém, porque a Apple compreende perfeitamente o modo de funcionamento do consumidor mais mimado, não houve só telefones novos. O Apple Watch já está na lista de Natal de muitos adultos pelo mundo, mas só poderá ser comprado em 2015. Além das muitas dúvidas sobre a durabilidade da bateria, há perguntas sobre o que faz afinal este relógio. Será possível telefonar e enviar mensagens. Tim Cook disse ao NYT que ainda estão a ser desenvolvidas aplicações específicas para o aparelho. É possível que estejam a criar um monstro de usar no pulso. Há anos que não uso relógio. A partir de 2015, vou passar a usar.