“A Hungria não pode ficar numa situação em que, devido ao conflito russo-ucraniano, não possa aceder ao fornecimento de energia de que precisa”, disse Orban à rádio estatal húngara MR1.
A Ucrânia recebe gás da Hungria, Polónia e Eslovénia desde a suspensão do fornecimento decidida pela Rússia em Junho devido a um conflito sobre pagamentos em falta.
Moscovo considera ilegítimos estes “fluxos inversos” – em que o gás circula nos gasodutos em duas direcções permitindo transferir para a Ucrânia gás russo comprado por países europeus -, mas a União Europeia (UE) insiste que são “perfeitamente legais”.
A companhia que opera os gasodutos húngaros, FGSZ, anunciou na quinta-feira ao final do dia que suspendeu indefinidamente o fornecimento à vizinha Ucrânia por motivos técnicos. A decisão foi considerada “inesperada e inexplicada” pela companhia de gás estatal ucraniana Naftogaz.
As declarações de Viktor Orban foram feitas depois de a Rússia ter ameaçado cortar o fornecimento aos países europeus que estão a reexportar o gás russo para a Ucrânia.
Todos estes desenvolvimentos ocorrem, por outro lado, quando decorre em Berlim uma reunião entre ucranianos, russos e europeus sobre a questão energética, na qual se procura resolver o diferendo em torno do preço do gás e garantir o fornecimento aos países da UE.
A decisão húngara foi de imediato criticada pela Comissão Europeia: “A mensagem da Comissão é muito clara – esperamos que todos os Estados membros facilitem fluxos inversos como foi acordado pelo conselho europeu no interesse de uma segurança energética partilhada”, disse a porta-voz Helen Kearns em Bruxelas.
A Rússia é o maior fornecedor de gás da UE. Doze países do centro e leste da Europa, entre os quais a Hungria, dependem do gás russo para cobrir mais de três quartos das suas necessidades.
Nos últimos anos, por duas vezes, divergências entre a Rússia e a Ucrânia acerca do preço do gás levaram à suspensão do fornecimento de gás à Europa.
Lusa/SOL