Antigamente, os produtores de vinho queixavam-se sempre, mas iam sobrevivendo: ou os anos agrícolas eram bons, com muita produção, e os preços desciam drasticamente; ou os anos agrícolas eram piores, com menos produção, e os preços subiam.
Actualmente, intervenções de Bruxelas e dos países tentam compensar os produtores pelos maus anos, e alteraram esta regra simples da agricultura. De qualquer modo, quem se sai sempre melhor é quem apostou em boas castas e bons vinhos, que até chegam a sair melhor em anos de menos produção, e aproveitam mesmo para subir os preços. Os que se limitam a produzir o básico, andam de credo na boca, à espera das ajudas oficiais.
O problema é que o bom vinho nem sempre é compensado. Por um lado, vemos os supermercados optarem por produtos maus, a preços muito baixos. Por outro lado, os restaurantes portugueses (onde naturalmente se deve consumir mais e melhor vinho) ainda não perderam o costume de penalizar muito o preço dos vinhos melhores, com os arredondamentos disparatados (ora aqui está uma área em que o Governo deveria intervir, talvez a golpe de impostos cirúrgicos) que fazem nas suas listas de vinhos.