“Não temos e não teremos uma actividade epidémica em Portugal de forma alguma comparável à situação” que existe na Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus já provocou mais de 2.900 mortos, em cinco países da África ocidental.
“Em Portugal, admitimos a hipótese de um, dois, três doentes poderem entrar no nosso país depois de terem estado nos últimos 21 dias numa zona afectada e durante nesse período de incubação viajarem e puderem declarar a doença no nosso país”, disse Francisco George, em entrevista à agência Lusa.
Estas três situações foram investigadas “sobretudo por razões de precaução”, mas tratavam-se de casos de paludismo.
“Os riscos eram muito baixos em termos de suspeição, mas entendemos que era preciso testar o próprio dispositivo que foi criado”, disse.
A estrutura envolve a Direcção-geral da Saúde (DGS), o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e os hospitais de referência: Curry Cabral e Dona Estefânia (para as crianças), em Lisboa, e São João, no Porto.
Neste dispositivo participa ainda a Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, “porque é em África, onde residem portugueses, que está o problema”, acrescentou.
Até ao momento, acrescentou, “não existe indicação de qualquer português que tenha adoecido nesses países, até porque são poucos os cidadãos que residem na Libéria, Serra Leoa ou Guiné Conacri”.
“Naturalmente que estamos preocupados com essa situação”, adiantou, lembrando que há vários cenários possíveis para socorrer os portugueses que sejam infectados nesses países.
As “melhores medidas de tratamento” terão de ser disponibilizadas, o que poderá ser feito de duas formas.
“Há duas hipóteses: ou tratá-los num centro de excelência num hospital montado para tal, na Serra Leoa e na Libéria, como os ingleses preferem, ou assegurando o transporte de cidadãos para o país de origem, como defendem os franceses.
Esta última hipótese acarreta mais riscos, “porque o doente vem em condições que podem descompensar a sua situação”, disse.
Francisco George garante que a resposta portuguesa está preparada e é, para já, suficiente.
“Temos equipas pequenas, muito bem tratadas, que fazem frequentemente exercícios de simulação, e estão treinadas para ir ter com o doente, isolá-lo e transportá-lo em via verde até ao hospital de referência. Temos 37 quartos de pressão negativa, com todas as condições, onde os médicos e enfermeiros se protegem com equipamentos de nível IV (de maior rigor de protecção)”.
Depois de confirmada a doença por análises no INSA, acrescentou, o doente “será tratado para o sistema imunitário vencer o vírus do ébola”.
O princípio desta resposta é tratar o doente infectado e evitar que este transmita o vírus a quem não tem a infecção.
Lusa/SOL