Isménio Oliveira, coordenador da Associação dos Orizicultores Portugueses (APOR), disse hoje à agência Lusa que os prejuízos nos cerca de 4.000 hectares daquela zona "são muito elevados", existindo muitas searas "que não conseguem pagar a ceifa".
A APOR exige que o Ministério da Agricultura, numa primeira fase, "faça um levantamento dos prejuízos efectivos" que afectam os produtores do vale do Mondego – existindo igualmente situação no vale do Vouga, frisa Isménio Oliveira – e que, depois, possa decidir "medidas compensatórias" que reponham os prejuízos.
A doença que afecta o arroz, conhecida pelo termo francês "piriculariose" ou o italiano "brusone", é um fungo cuja maior ou menor prevalência nas culturas "está relacionada com o clima", disse, por seu turno, Ferreira de Lima, presidente da associação de beneficiários da obra hidroagrícola do Mondego.
"Em anos como este, é complicado. Recentemente choveu 15 dias seguidos e no pico do verão também choveu em Agosto e quando há grande humidade os fungos aparecem", explicou.
Adiantou que no vale do Mondego, "habitualmente, não se fazem tratamentos" antifúngicos: "É uma realidade a que não estamos muito habituados", sustentou.
O também produtor de arroz indicou, a esse propósito, que a aplicação de fungicidas no terreno tem um custo que ronda os cerca de 120 euros por hectare "e o rendimento da colheita não chega para tudo", enfatizou.
No entanto, segundo Isménio Oliveira, a aplicação prévia de fungicidas não estará a resultar, já que "houve quem o fizesse e o problema aconteceu na mesma. Além de ser cara e muitas vezes incomportável", sublinhou.
A APOR reúne-se na quinta-feira, a partir das 10:00, em Coimbra, com responsáveis da Direcção Regional de Agricultura e Pescas, esperando a definição de medidas para combater o problema.
Lusa/SOL