A escolha do público seguiu-se a uma reunião no Centro para a Astrofísica Harvard-Smithsonian (EUA) em que três especialistas debateram o papel do agora planetóide e fizeram várias diatribes à decisão de 2006 da IAU. Dimitar Sasselov (que faz parte do projecto Origens da Vida, de Harvard) e Owen Gingerich, professor de astronomia e História da Ciência naquela universidade e Gareth Williams, director do Centro de Planetas Menores, formavam o painel. Dos três, só Williams manteve o apoio à decisão da IAU.
Sasselov contestou-a de várias maneiras. Disse, desde logo, que não poderia arrumar a questão de Plutão até serem feitas mais descobertas sobre o espaço profundo. Gingerich, acutilante, atirou-se à nomenclatura actual: “Acho mesmo parvo que a IAU o tenha incluído na categoria ‘planeta anão’ e que tenha dito, logo a seguir, que não é um planeta. Foi uma decepção”. Mas o que define um planeta? Segundo a IAU, nota o especialista de ciência do jornal australiano Sydney Morning Herald, ele deve ter uma órbita em torno do Sol, deve ter massa suficiente para assumir um equilíbrio hidrostático e deve ter uma ‘vizinhança desimpedida’ na sua órbita. Ora a base da decisão da IAU – tomada a partir de uma votação dos seus especialistas – tem a ver justamente com o facto de Plutão não cumprir com os dois últimos requisitos.
Mas Owen Gingerich, insurgindo-se novamente, disse que a questão de Plutão era quase mera semântica: “Acho que a IAU não devia ter tentado definir a palavra ‘planeta’. E acabaram por decidir que não podemos ter tantos planetas, que temos de lhes chamar outra coisa”. Irónico, Gingerich disse que só 424 dos quase dez mil membros da IAU participaram nessa votação e escolheram o ‘não’ ao ‘direito’ de Plutão ser um planeta por estarem “com pressa de ir almoçar”. O debate não deve acabar aqui.