Empresas do Grupo Espírito Santo terão de abrir falência

O Tribunal do Comércio do Luxemburgo anunciou hoje a recusa dos pedidos de gestão controlada da Espírito Santo Financial Group (ESFG) e da Espírito Santo Financière (ESFIL), por considerar “impossível” reestruturar as empresas. Com esta decisão, as duas sociedades são empurradas para um processo de insolvência.

Empresas do Grupo Espírito Santo terão de abrir falência

A ESFG explica, em comunicado, que a decisão do tribunal se deveu à resolução aplicada pelo Banco de Portugal, que criou o Novo Banco e fez o BES ficar com apenas com os activos problemáticos, e à “apropriação e venda da participação da ESFG na Companhia de Seguros Tranquilidade” – a seguradora foi vendida ao fundo americano Apollo pelo Novo Banco.

“O tribunal concluiu que uma reestruturação da ESFG e ESFIL era impossível e que gestão controlada não beneficiaria os credores” quanto à venda de activos, refere o comunicado.

Segundo os procedimentos da legislação luxemburguesa, disponibilizados no site da Rede Judiciária Europeia, a decisão de hoje baseia-se num relatório elaborado por peritos e por um juiz delegado, que analisou a viabilidade dos negócios das empresas.

“Depois de entregue o relatório, o tribunal pode rejeitar ou aceitar o pedido. Em caso de rejeição, pode na mesma decisão declarar a falência do comerciante”, lê-se na informação da Rede Judiciária Europeia.

Caso se confirme a entrada em processo de insolvência, um liquidatário judicial “procede à liquidação dos activos do devedor e do seu passivo”.  Os diferentes bens de que o falido é titular são vendidos e o encaixe com essas alienações serve para pagar aos credores, por ordem de prioridade.

Os credores privilegiados – entre os quais o fisco, por exemplo – são os primeiros a receber. Seguem-se depois os credores “que não dispõem de privilégios ou de garantias”. O liquidatário judicial tem de convocar todas as partes interessadas e apresentar as contas da falência.

A ESFG e a ESFIL tinham feito os pedidos de gestão no final de Julho deste ano. Outras duas empresas do Grupo Espírito Santo, a Rioforte e a Espírito Santo International, também fizeram solicitações semelhantes. Nestes casos, o tribunal ainda não se pronunciou.

A ESFG é o principal accionista do BES – o banco ‘mau’ que ficou apenas com os activos problemáticos do banco da família Espírito Santo.

joao.madeira@sol.pt