Família Espírito Santo usa Estado para encobrir comissões

A família Espírito Santo recorreu ao perdão fiscal do Estado para regularizar a sua situação perante as Finanças no que diz respeito às comissões pagas pelo German Submarine Consortium (GSC), avança a edição desta sexta-feira do Correio da Manhã.

Família Espírito Santo usa Estado para encobrir comissões

O jornal i também já tinha noticiado esta semana o pagamento de um milhão de euros a cada um dos cinco ramos familiares por parte desta sociedade do grupo Espírito Santo. Ricardo Salgado, António Ricciardi, Manuel Fernando Espírito Santo, Mosqueira do Amaral e José Manuel Espírito Santo estão no topo da hierarquia familiar.

Agora, o CM avança que quatro membros do Conselho Superior do grupo usaram o ao Regime Excepcional de Regularização Tributária (RERT) II para repatriarem capitais de contas na Suíça, na qual estava incluído o milhão de euros recebido no negócio dos submarinos.

Este regime obriga ao pagamento ao Estado de 5% do valor repatriado. Ou seja, cada membro da família conseguiu regularizar assim a sua situação fiscal, pagando 50 mil euros ao Fisco e ficando isento de responsabilidades criminais, como suspeita de branqueamento de capitais. 

Já o quinto elemento da família ‘limpou’ a comissão recebida ao entregar uma declaração de substituição de IRS, explica o CM.

Salgado não dá explicações à família

Em Novembro de 2013, durante uma reunião do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo, Ricardo Salgado foi confrontado por um primo sobre os 14 milhões de euros que tinha recebido em 2011 do construtor José Guilherme, como avançou o SOL. O ex-presidente da Comissão Executiva do BES recusou-se a explicar o sucedido e proibiu os restantes membros de fazerem mais perguntas sobre o assunto, avança o jornal i.

Foi Ricardo Abecassis Espírito Santo, o rosto da família no Brasil, que confrontou Salgado, seu primo em segundo grau, com estas questões. 

O líder do BES disse, de acordo com uma reconstituição da reunião feita pelo jornal i, que a ligação entre Salgado e José Guilherme – também ele cliente do BES – se tratava de “um assunto do foro pessoal”, mas Abecassis não acreditou nesta justificação: “E desculpe-me mas até agora não aceito a justificação que foi dada, acho que não é normal, não posso aceitar que um presidente de um banco receba um presente de um cliente desta magnitude. Isto leva a que todos os funcionários do banco possam receber presentes dos clientes e justificar que são amigos”, terá afirmado.

“Desculpe-me Ricardo, gosto muito de si, mas acho que isto foi além do que a gente poderia imaginar”, terá, segundo a reconstituição do jornal i, acrescentado Ricardo Abecassis Espírito Santo.

“Isto não foi nenhum presente, isto é um assunto que tem a ver com a minha relação pessoal com José Guilherme. Nunca tive uma sociedade fora do grupo, nunca. (…) Nunca participei em capital de nada, não sou adviser nem conselheiro de ninguém”, terá respondido Salgado.

SOL