Arguidos contam versões diferentes sobre autoria do fogo do Caramulo

Luís Patrick e Fernando Marinho contam versões diferentes sobre a autoria do grande incêndio do Caramulo que vitimou 4 bombeiros e feriu outros 13. Os jovens, de 28 e 20 anos, começaram hoje a ser julgados no Tribunal de Vouzela que ouviu ainda o pai de uma dos bombeiros que morreu nos fogos ateados a…

Arguidos contam versões diferentes sobre autoria do fogo do Caramulo

“Só lhe apetecia chegar fogo”, acusou Fernando comentando a atitude de Luís com quem, alegadamente, ateou quase uma dezena de fogos no alto da serra. Fernando confessou ter “ateado cinco ou seis fogueirinhas” e que o fez “desafiado por Luís de quem tinha medo”. Sobre outros dois focos de incêndio imputou as culpas ao amigo. O depoimento dos jovens permitiu perceber como começou a grande tragédia do Caramulo.

Na tarde de 20 de Agosto do ano passado os dois amigos “beberam até ficarem avinagrados, depois fumaram uns charros e, já noite, foram dar uma volta à serra. O Luís só lhe apetecia chegar o fogo”, testemunhou em tribunal o mais novo dos suspeitos que “nunca pensou que o fogo fosse atingir aldeias ou matar as pessoas porque os bombeiros conseguiriam resolver a situação”, alegou. Apesar da confissão, como notou o juiz presidente, o jovem de 20 anos “apenas reconheceu ter ateado um dos fogos que não causou vítimas”.

Ouvido durante quase 3 horas Fernando culpou o amigo pela autoria dos incêndios mas reconheceu ter ateado alguns dos 9 fogos com que os dois jovens puseram o Caramulo a arder.

O depoimento permitiu perceber que os dois suspeitos atearam incêndios em Castanheirinho de Alcofra, Lapa da Meruge e Silvares, conforme consta da acusação.

Fernando testemunhou ainda que já tinha sido agredido por Luís, que sobre ele tinha ascendente, “por ser mais velho”, mas assumiu que fez o depoimento de forma “livre e verdadeira”.

Ouvido foi também o pai de Ana Rita, a primeira dos quatro bombeiros a morrer vítimas das chamas, que espera que o tribunal “faça justiça”. Depois do processo será “tempo de percebermos o que se passou. Eles foram mandados para um terreno que não conheciam e há muito para esclarecer. Agora deixamos andar o processo para a frente e depois falaremos”, contou.

De manhã foi ouvido Luís Patrick que negou os factos e a acusação, tendo garantido que a 20 de Agosto não esteve na companhia de Fernando Marinho e que passou parte da noite na companhia de Bruna, uma jovem de Alcofra que está arrolada como testemunha mas ainda não depôs em julgamento.

Os advogados de defesa, que no final da sessão não quiseram prestar declarações, consideraram que os bombeiros terão morrido “num outro incêndio que não o de Alcofra”, que, alegadamente, terá sido o primeiro a ser ateado pelos dois jovens.

Os suspeitos estão acusados de um crime de incêndio florestal, 4 homicídios e 13 e ofensa à integridade física.

O julgamento prossegue nesta quarta-feira com a audição de novas testemunhas e uma certeza: o tribunal de Vouzela vai fazer a reconstituição dos factos que deram origem à morte dos bombeiros e queimaram mais de 9 mil hectares da floresta da serra do Caramulo.