"Penso que é um dever profissional de quem tem uma equipa executiva de um banco que está a operar no mesmo mercado e que tem uma dimensão que lhes permite encarar esta oportunidade [de compra do Novo Banco], como é o caso do BPI, estudar o que essa oportunidade pode representar", afirmou Fernando Ulrich aos jornalistas, à saída da cerimónia de entrega dos prémios BPI Sénior, em Lisboa.
Ulrich considerou também que a situação do Novo Banco é "muito peculiar", uma vez que detém "parte significativa do mercado financeiro português em vários segmentos de actividade" e que vão estar à venda.
"É obrigatório para quem está no mercado estudar o que esta oportunidade pode significar", sublinhou.
Questionado sobre se iria aguardar por uma auditoria às contas do banco para estudar o interesse no negócio, o presidente executivo do BPI respondeu que "os assuntos estudam-se com a informação que está disponível em cada momento".
"Hoje já estamos a estudar", sublinhou.
No entanto, a venda do Novo Banco, "além de ser uma oportunidade, é simultaneamente um grande risco, porque a responsabilidade pelo fundo de devolução é dos bancos. Se a venda do Novo Banco ficar aquém do capital que foi investido no Novo Banco, quem suporta esse prejuízo são os outros bancos, entre os quais o BPI".
Ulrich adiantou ainda que a decisão final só deverá ser tomada quando tiver início um processo formal de venda e lembrou que, na sua opinião, "provavelmente vai ser difícil que [o Novo Banco] seja vendido pelos 4.900 milhões de euros que foram injectados".
"Penso que o Grupo [Espírito Santo] devia ter sido gerido com mais rigor e com mais cuidado, até na defesa do interesse dos seus próprios accionistas, que dependendo da situação onde se chegou saem altamente prejudicados", afirmou também.
"No caso do BPI, não existem segredos", disse ainda Ulrich, questionado sobre as declarações do Banco de Portugal, quanto à necessidade de se definirem limites à privacidade no sector financeiro.
Lusa/SOL