"Tal como nas outras colecções eu gosto sempre de ter um ponto de inovação na passerelle e este ano vou fazer o mesmo, ou seja, vou apresentar um trabalho no qual as peças foram cortadas a laser e ao mesmo tempo vamos trabalhar com a imagem em 3D", disse Carlos Gil à agência Lusa.
As inovações obrigavam, antes, a recorrer ao estrangeiro e agora, graças à criação do FabLab do Fundão, estão acessíveis nesta cidade do interior do país, onde, apesar do reconhecimento nacional, continua a viver e a manter o ateliê.
"É aqui que encontro harmonia, mas sou um homem do mundo. Estou onde preciso estar: em Lisboa, em Paris ou em Milão", sublinhou.
No sábado, às 21h00, estará na ModaLisboa a apresentar uma colecção que tem uma "índole de pensamento e de reflexão", que representa "mais um ponto de partida para o sucesso, para o equilíbrio e para a harmonia". Deu-lhe o nome de "Match Point".
"É uma colecção que se inspira no jogo da vida, que pode decorrer no campo de ténis e no qual o trabalho a laser e a estamparia digital representarão bolas e pontos, que juntos levam a uma linha, que por seu turno é um percurso de vida: o tal jogo da vida", explicou.
Entre as cores dos 40 coordenados que obrigaram à criação de cerca de 300 peças e acessórios estão o "branco da paz e dos momentos felizes, o preto de alguma introspecção, mas que combinado com o amarelo dará uma luz", e ainda o "rosa pó, que simboliza o universo feminino".
A mulher é exactamente a grande fonte de inspiração do criador, que, desde 2006, é responsável pelo guarda-roupa da mulher do Presidente da República, Maria Cavaco Silva, bem como de outras figuras públicas, mas não só.
"Eu trabalho para a mulher e não para uma elite. O meu desafio é poder vestir qualquer pessoa, independentemente da classe social, da idade ou da aparência, até porque toda a mulher é bonita", sublinhou o estilista, que um dia trocou a sala de aula para seguir um sonho maior.
Agora, 16 anos depois de ter abraçado o mundo da moda, cinco anos depois de ter estado no Portugal Fashion e numa altura em que já dá aulas (no ensino superior) novamente, Carlos Gil diz que chegou à ModaLisboa "no tempo certo".
"Dada a internacionalização que a marca [Carlos Gil] procura, não fazia sentido estarmos a desfilar no estrangeiro, sem antes marcarmos presença nos eventos de maior relevo em Portugal. Por isso, quando o convite chegou, aceitei-o com imensa felicidade", especificou.
Ciente da "responsabilidade" e até do "risco", o criador fundanense também encara esta nova estreia com "confiança no trabalho desenvolvido".
"Não é a mesma coisa preparar um desfile ou fazer-se uma colecção para o varão de uma loja. É óbvio que muitas coisas estão envolvidas e que tem que se fazer um trabalho rigoroso e muito exaustivo. Um desfile tem de ter um outro show e um outro glamour, mas há muito que sabemos isso e portanto estamos confiantes de que, como tem acontecido até aqui, a minha colecção seja bem entendida e recebida", afirmou.
A 43.ª edição da ModaLisboa decorre a 10, 11 e 12 de Outubro, com a apresentação das colecções para a próxima primavera/verão, no Pátio da Galé, na Praça do Comércio e na Praça do Município sob o tema "Legacy" ("Legado").
Lusa/SOL
