Nobel da Paz 2014 para Malala e Kailash Satyarthi

A paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi venceram o prémio Nobel da Paz, foi hoje anunciado.

Nobel da Paz 2014 para Malala e Kailash Satyarthi

Malala, a rapariga paquistanesa que insistiu em ir à escola e que, por isso, foi alvo da ira dos Talibã, torna-se a pessoa mais jovem a receber o prémio.

Hoje com 17 anos, desde muito nova que luta pelos direitos das mulheres à educação. Já com 11 anos escrevia um blog para a BBC, falando sobre as pressões exercidas pelos talibã que tinham ocupado a região da sua terra natal, Mingora, para que as raparigas abandonassem a escola.

Há dois anos, em Outubro de 2012, um homem armado entrou na carrinha escolar onde Malala viajava e disparou três tiros contra ela. Depois de um período critico em que lutou pela vida – um dos tiros atingiu-lhe a cabeça – redobrou os seus esforços na luta pelas estudantes do sexo feminino. Vive agora em Birmingham, no Reino Unido. 

"Apesar da sua juventude, Malala Yousafzai já leva vários anos de luta pelo direito das raparigas à educação e mostrou pelo seu exemplo que as crianças e as pessoas mais jovens também podem contribuir para melhorar a sua própria condição", declarou esta sexta-feira o chairman do comité Nobel norueguês (o prémio da Paz é atribuído por Oslo, e não Estocolmo) Thorbjorn Jagland.

"Ela fê-lo sob as mais perigosas circunstâncias. Através da sua luta heroica, tornou-se uma destacada porta-voz do direito das raparigas à educação", disse.

Kailash Satyarthi, o outro laureado deste ano, é um destacado activista contra a exploração laboral das crianças. Aos 60 anos, dirige uma ONG que resgata meninos indianos das mãos de exploradores e traficantes, e é considerado um discípulo político de Mahatma Gandhi devido aos seus métodos de protesto pacífico.

Em reacção à distinção, o indiano dedicou o prémio "a todas as crianças [vítimas de trabalho forçado] do mundo".

Distanciando-se desta forma das decisões polémicas dos últimos anos, o comité Nobel realça a escolha de "um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa, juntos numa luta comum pela educação e contra o extremismo".