Segundo o jornal Voz da Fátima, propriedade do santuário, o compositor, nascido em 1935, esteve no templo em Maio de 2012, a convite da instituição e no âmbito das comemorações do centenário dos acontecimentos de Fátima, tendo sido depois desafiado a apresentar um testemunho sobre a visita, para publicação na revista cultural Fátima XXI, o mais recente projecto editorial do Santuário de Fátima.
"(…) Arvo Pärt surpreendeu e fez chegar ao santuário o manuscrito de uma composição musical, datada de 19 de Maio de 2014, dedicada aos pastorinhos e intitulada Drei Hirtenkinder aus Fatima — Os Três Pastorinhos de Fátima", lê-se no jornal Voz da Fátima, referindo que se trata "de uma breve peça para coro misto a 'cappella' composta" sobre um texto bíblico, que é publicada na edição de Outubro da Fátima XXI.
Citado no jornal do santuário, o produtor executivo da programação musical para o Centenário das Aparições, Manuel Lourenço Silva, realça a importância deste autor no panorama musical mundial, referindo que "integra aquilo a que se chama o 'Holy Minimalism', embora qualquer rótulo que se lhe queira atribuir pareça inexacto ou parcial tendo em conta o seu percurso evolutivo e a abrangência das suas obras".
"Utilizando frequentemente a técnica tintinnabuli [pequenos sinos], formulada e nomeada pelo próprio Pärt, a sua música é marcada por uma profunda espiritualidade", refere Manuel Lourenço Silva.
Considerando que "a mensagem de Fátima sai enriquecida com este contributo", o responsável adianta que "o nome de Fátima ficará registado no catálogo de obras de um dos maiores compositores de sempre".
"Por outro lado, o título e o texto escolhidos para a composição musical que dedicou aos pastorinhos destacam a importância das vozes das crianças enquanto mensageiras", acrescenta Manuel Lourenço Silva.
Arvo Pärt é hoje um dos mais destacados compositores de música sacra, fortemente alicerçado na tradição gregoriana, depois de a expressão neoclássica ter marcado o início do seu percurso.
A viragem verificou-se no início da década de 1970, com a exploração da chamada técnica de "tintinnabuli" (pequenos sinos) – pequenas frases musicais ou "módulos" que sobrepõe ou contrapõe, em estruturas complexas, que ganham em transparência e hipnotismo.
"Tábula rasa", "Fratres", "Missa Silábica", "Kanon Pokajanen" e "Passio", sobre o Evangelho segundo São João, contam-se entre as suas obras mais conhecidas.
Lusa/SOL