O doente tinha-se descolado até ao Hospital de S. João pelos seus próprios meios, enviado por uma unidade de saúde privada.
O paciente, que tinha chegado recentemente de um país africano com casos de Ébola, ficou internado por precaução, uma vez que apresentava "critérios de caso suspeito de Doença por Vírus Ébola (DVE)", de acordo com o comunicado inicial do Hospital de S. João.
Contudo, as análises realizadas no Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, em Lisboa, deram resultado negativo para a doença.
O director-geral da Saúde, Francisco George, disse hoje que as autoridades portuguesas vão continuar atentas à situação do Ébola, apesar de as análises efectuadas ao doente com suspeita de ter contraído o vírus terem dado resultado negativo.
"O Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) já concluiu as análises que dizem respeito à detecção do vírus do Ébola e confirma que são absolutamente negativas, isto é, a condição de doença da doente em causa não é explicada pelo vírus Ébola, pelo que outras análises estão a decorrer", adiantou à Lusa Francisco George.
Este foi o primeiro caso em Portugal de um doente internado numa unidade hospitalar com suspeitas de estar infectado com Ébola.
O Hospital de São João, no Porto, o Curry Cabral e o Dona Estefânia, em Lisboa, são, em Portugal, os hospitais de referência definidos para atender estes casos.
As autoridades sanitárias norte-americanas confirmaram domingo o primeiro caso de contágio de Ébola nos Estados Unidos, de uma enfermeira que tratou um liberiano doente num hospital do Texas.
A enfermeira trabalhava no centro hospitalar Texas Health Presbyterian, de Dallas, onde foi tratado o liberiano Thomas Eric Duncan, internado a 28 de Setembro e que veio a falecer a 4 de Outubro.
Trata-se do segundo caso de contaminação fora continente africano, depois de Teresa Romero, uma auxiliar de enfermagem de 44 anos ter sido infectada ao tratar um missionário que morreu depois de ter sido repatriado da Serra Leoa para Espanha.
O número de mortos devido ao surto epidémico de Ébola surgido na África Ocidental no final do ano passado ultrapassou os 4.000, segundo o mais recente balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com um relatório da OMS, datado da passada sexta-feira, estão confirmados 8399 casos de provável contágio pelo Ébola em sete países (Guiné-Conacri, Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos), dos quais resultaram 4.033 mortes.
Os sete países afectados foram divididos em dois grupos pela OMS, sendo o primeiro constituído pela Guiné-Conacri, a Libéria e a Serra Leoa — os três países mais atingidos — e o segundo pela Nigéria, o Senegal, a Espanha e os Estados Unidos.
No primeiro grupo, a Libéria, o país mais afectado pela epidemia, registou 4.076 casos, dos quais 2.316 resultaram em mortes.
Os profissionais de saúde continuam a ser o grupo populacional mais afectado pela doença, sobretudo nos países mais atingidos, com 416 casos, de que resultaram 233 mortes.
Lusa/SOL