A informação foi avançada por Bruce Aylward, adjunto do director-geral da OMS, numa conferência de imprensa em Genebra. Se a resposta do mundo à crise do ébola não for intensificada no prazo de 60 dias "muitas mais pessoas irão morrer", disse.
Previamente, a organização tinha estimado em cerca de 50 por cento a taxa de mortalidade do vírus. Segundo o responsável, a nova taxa confirma a " alta mortalidade" da doença, acrescentando que a agência de saúde da ONU continua empenhada em isolar os doentes, fornecendo-lhes tratamento o mais cedo possível.
No mês passado houve cerca de mil novos casos por semana – incluindo suspeitas, doentes confirmados e casos prováveis – e, para reverter a epidemia, a OMS tem como objectivo ter 70 por cento de casos isolados até Dezembro.
Segundo a organização, o número total de mortos pela doença aumentou para 4447 pessoas, quase todas na África Ocidental. Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria têm sido os países mais atingidos e Aylward mostrou-se preocupado com a propagação do vírus nas capitais dos três países – Freetown, Conacri e Monróvia.
E se em algumas regiões se tem visto o número de casos diminuir, "isso não significa que vão cair para zero", considerou, adiantando que não há indícios de países estarem a esconder novos casos. No entanto, os que fazem fronteira com a área afectada, incluindo a Costa do Marfim, o Mali e a Guiné-Bissau, apresentam alto risco de importação da doença.
"Este não é um vírus fácil de suprimir ou ocultar", defendeu, notando que até agora não houve uma enorme propagação internacional. "Há triagem nas fronteiras e as pessoas doentes não se estão a movimentar".
Também em conferência de imprensa, hoje, o responsável da Médicos Sem Fronteiras na África do Sul, Sharon Ekambaram, anunciou que 16 de seus funcionários foram infectados com o vírus, tendo morrido nove. "Onde está OMS África? Onde está a União Africana? Todos nós já ouvimos as suas promessas nos meios de comunicação, mas tenho visto muito pouco no terreno", acusou, defendendo que os profissionais de saúde receberam uma assistência inadequada por parte da comunidade internacional.