Será que é hoje?
Hoje, dia 10 de Outubro, sugiro que estejamos atentos às notícias vindas da Coreia do Norte. É o aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores, que está no poder desde 1946. É hoje que fazem festas, cantorias, as paradas e todas essas coisas tão caras às ditaduras. Mas o importante é que desde inícios de Setembro que o nosso conhecido ditador Kim Jong un, que durante o Verão se fartou de executar, expulsar ou substituir aqueles de quem não gostava, não aparece em lado nenhum. A desculpa é ter estado doente. Mas é contra os costumes do país o Grande Líder estar ausente durante tanto tempo. Fala-se de golpe de Estado ou de destituição do Grande Líder neto por outro Grande Líder, que por sua vez é pai do pai do Grande Líder do qual vos falo agora. Voltando ao princípio. Se não aparece na festa, não é por estar doente. É por já ter sido Grande Líder. Agora deve haver outro. Seja quem for, não pode ser pior do que este. Bye, bye, Kim.
Fora de casa
Desde que as mulheres começaram a trabalhar fora de casa, foram culpabilizadas por elas próprias, pelas mães delas e pela sociedade chata em geral por 'abandonarem' os filhos em casa. A mãe trabalhadora é até hoje encarada com uma certa desconfiança em meios em que não me movo mas dos quais ouço falar. Se por um lado, a presença da mãe é essencial no primeiro ano de vida, a sua ausência, por outro, pode ser uma benesse para os filhos. Numa entrevista que li há tempos ao luminoso António Coimbra de Matos, o psicanalista dizia que as mulheres que trabalhavam fora de casa tinham mais vida para oferecer aos filhos. Um estudo recente de uma universidade australiana confirma que os filhos de mulheres que trabalham mais de 35 horas por semana prosseguem os estudos até mais tarde e são mais autónomos. As mulheres não devem ter de escolher entre a maternidade e o trabalho. Sobretudo que essa escolha não seja tomada por preconceitos ou superstições.
Para monstros
É habitual agora ouvirmos dizer que o verdadeiro cinema está agora na televisão. As séries substituíram os filmes e são muitas as que têm uma qualidade que de facto há muito não se via no cinema. Mas com a proliferação de séries deu-se também uma progressiva sofisticação do espectador. A dada altura, já estamos de tal modo habituados a ver histórias complexas, diálogos excelentes e personagens robustas na televisão, que não suportamos nada menos do que a excelência. O resultado da qualidade na ficção inglesa e norte-americana é criar monstros. O monstro é o espectador exigente, aquele que chega ao fim da última série Guerra dos Tronos e suspira de tédio porque não gostou de um diálogo porque lhe pareceu que houve um gesto menos adequado à personagem. O monstro caprichoso revira os olhos a todos os títulos, menos a um: Masters of Sex. Era a única série que satisfazia os espectadores exigentes. E agora acabou.
Para masoquistas
Há tempos Maneesh Sethi contratou uma rapariga para lhe dar um estalo sempre que estava no Facebook ou outra perda de tempo parecida. A ideia deste inventor era perceber se conseguia mudar um hábito através daquele método rudimentar de dissuasão. Agora Sethi inventou uma pulseira baseada no mesmo princípio. Trata-se da Pavlok, uma pulseira controlada por uma App no telemóvel que dá um choque sempre que a pessoa ceder ao hábito de que se quer livrar. Pode ser roer as unhas, acordar tarde ou outro hábitos qualquer. Basta configurar a App para a pulseira dar o choque quando estivermos prestes a ceder à tentação. Só não percebo bem como é que a pulseira sabe que estou a roer as unhas. Ou a acordar tarde. Imagino que precise de informações detalhadas sobre mim para depois me castigar pela vida que ando a levar. A ideia é divertida, os geeks lembram os da série Silicon Valley, mas nem morta me apanham com a Pavlok.