Francisco George, que falava durante uma audição na Comissão Parlamentar de Saúde Pública, disse ainda aos deputados que as autoridades têm de estar unidas neste processo e que, se o plano montado pela Direcção Geral de Saúde não tiver o apoio do Governo ou da AR, "mudam-se os responsáveis da DGS".
"Se perceber que o dispositivo montado pela DGS não tem o apoio dos membros do governo e da AR, mudam-se os dirigentes da DGS. Não é aceitável uma disputa de correntes entre maioria e oposição porque temos que estar juntos neste processo".
Sobre a mobilização de meios, Francisco George respondeu: "houve uma reunião de topo e foi decidido que a protecção civil não deve ser mobilizada para um risco que, admitimos, é baixo em termos de probabilidade de entrarem doentes da Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri".
"Se a epidemia invadir a Guiné-Bissau, o risco eleva-se", admitiu, explicando que "há nove portugueses nestes três países, todos identificados e em comunicação com os serviços consulares".
Disse ainda que o director geral dos assuntos consulares integra o dispositivo de coordenação do Conselho Nacional de Saúde Pública, que hoje se reúne.
Este dispositivo de coordenação conta com 20 conselheiros e sete observadores, entre os quais o presidente da Associação Portuguesa da Hospitalização Privada (APHP).
Sobre os meios disponíveis, francisco George disse que a DGS tem preparadas três bases de ambulância em Lisboa, Porto e Coimbra, com 12 tripulantes equipados e de prontidão.
Sobre o cenário que se vive em África, o director-geral da Saúde defendeu que seriam necessárias hoje naquele continente 3.500 camas para combater a doença.
"Não podemos comparar [esta realidade] com os países industrializados. Temos 40 mil médicos, 50 mil enfermeiros, 120 mil funcionários do Ministério da Saúde. Não temos comparação nenhuma com esses países. Temos risco se a Guiné-Bissau vier a ter problemas devido às ligações estreitas existentes", afirmou.
A propósito do alerta deixado hoje num parecer do colégio da especialidade de saúde pública da Ordem dos Médicos, Francisco George afirmou: "Nenhum país lusófono tem cadeias abertas de transmissão. Se isso acontecer, muda o nível de alerta e a informação".
Quanto às medidas que vão ser tomadas nos aeroportos e outros pontos de entrada no país, "vai ser feito o que foi feito por Paris e Bruxelas. Serão medidas simplificadas e consensuais desde que países membros estejam de acordo. Não todos, porque Inglaterra vai adoptar outro tipo de medidas devido às ligações que tem à Serra Leoa e, por via dos EUA, à Libéria".
Lusa/SOL